Resumo |
Megacólon é o aumento persistente do diâmetro do cólon, associado à constipação crônica e à recorrente obstipação. Em felinos pode ser causada por traumas, neoplasias, estenose pélvica, entre outros. O diagnóstico é realizado por meio de exame radiográfico, constatando-se o diâmetro do cólon 1,5 vezes maior em relação ao comprimento do corpo da sétima vértebra lombar, somado ao histórico e ao exame clínico. Objetiva-se relatar o caso de uma paciente felina, SRD, castrada, 2 anos de idade, 3,5 kg, com histórico de constipação recorrente há 1 ano, tratada previamente com enemas e minilax. No exame físico observou-se desidratação de 6%, algia à palpação abdominal e presença de grande quantidade de conteúdo fecal em região pré-púbica. No exame radiográfico foi possível observar distensão colônica acima de 1,5x que a sétima vertebra lombar. Os exames hematológicos e bioquímicos encontravam-se dentro dos valores de normalidade. A paciente foi encaminhada para realização de laparotomia e colectomia subtotal. O intestino delgado distal, ceco e cólon foram isolados com compressas úmidas. Identificou-se a porção de cólon a ser removida e foram posicionadas quatros pinças de Doyen. Os vasos cólicos direito, médio e mesentério caudal foram ligados com fio Poliglecaprone 4-0. Foi realizada a ressecção obliqua em porção proximal do cólon ascendente proximal e do cólon descendente distal, preservando a válvula ileocólica. Foi realizada a anastomose término-terminal colo-cólica entre as porções preservadas do colón, com padrão simples separado utilizando fio Poliglecaprone 4-0, corrigindo a disparidade do tamanho luminal por meio de incisão longitudinal de 1,5cm. Em seguida foi realizada a omentalização da anastomose, laparorrafia e dermorrafia. A paciente permaneceu internada em fluidoterapia e jejum alimentar por 24h, seguidas de fornecimento de alimentação líquida e pastosa. É discutido na literatura se a junção ileocólica deve ou não ser preservada, visto que sua remoção facilita a migração de microrganismos colônicos ao intestino delgado com subsequente má absorção associada a diarreia mais grave e ou em alguns casos, crônica. Entretanto, a manutenção da junção ileocólica predispõem a recidiva do quadro de constipação e fecaloma. O prognóstico em felinos é bom, diferentemente dos cães que não apresentam boa resposta. Após sete dias, a paciente em questão apresentou-se alerta, sem algia abdominal, normoquesia e ausência de diarreia, recebendo alta hospitalar.O esclarecimento da etiologia do megacólon é de suma importância para a obtenção de um prognóstico, entretanto, felinos com megacólon idiopático apresentam disfunção generalizada da musculatura lisa do cólon que afeta a ativação os miofilamentos musculares, que com uma retenção de fezes por tempo prolongado pode provocar danos irreversíveis a essas fibras e nervos, o que acabará gerando a inércia. A colectomia subtotal com a preservação da junção ileocólica, é uma opção em casos de megacólon idiopático |