Resumo |
A osteomielite continua sendo uma importante complicação de traumas ósseos e cirurgias ortopédicas, apesar dos contínuos avanços nos procedimentos cirúrgicos e terapias antimicrobianas. Vários são os estudos propostos para esse fim, sendo o coelho o principal modelo experimental e as substâncias esclerosantes utilizadas em sua maioria. Objetivou-se com este trabalho avaliar radiografica e microbiologicamente um modelo experimental inovador para indução de osteomielite em coelhos. Foram utilizados 20 animais da raça Nova Zelândia adultos, com maturidade óssea confirmada radiograficamente. Para a indução da osteomielite, os animais foram submetidos à osteotomia corticomedular na metáfise proximal lateral do úmero esquerdo, seguido de raspagem e lavagem do canal medular para inoculação de cepa de Staphylococcus aureus com alta virulência reconhecida. Após 15 dias, os animais foram novamente radiografados e feita extração de medula óssea para cultivo microbiano. Para a identificação presuntiva, o conteúdo medular foi inoculado primariamente em ágar sangue de carneiro, incubado em 5% de tensão de CO2 em estufa à 37°C, durante 72 horas. Todas as radiografias foram avaliadas visualmente quanto a integridade óssea, presença de reação periosteal, esclerose ou regiões de osteólise, e efetuadas com um penetrômetro de alumínio de cinco níveis de 3 mm de espessura cada, posicionado próximo ao úmero convertendo-se os graus de cinza para milímetros de alumínio (mmAl). Observou-se o desenvolvimento de colônias convexas de diâmetro médio de 3 mm, com coloração variando de branco-perolada a amarelada, com predomínio de halos de hemólise. Obteve-se colônias puras em meio BHI que, à coloração de Gram, revelou morfologia de cocos distribuídos em pares e agrupados. Para identificação, efetuou-se a prova da catalase e os testes de coagulase em lâmina e em tubo, cujo resultados positivos confirmaram o isolamento da cepa de S. aureus utilizada. As radiografias foram analisadas no programa ImageJ®, selecionando-se duas áreas circulares de 4 mm de diâmetro, compreendendo o tecido ósseo íntegro e a região do defeito corticomedular produzido. A densidade óssea em graus de cinza foi convertida em milímetros de alumínio através do cálculo de regressão linear para cada imagem. Os resultados foram submetidos à análise de variância unidirecional a um intervalo de confiança de 95%. Observou-se diferença significativa entre as radiografias pré e pós-operatórias (p-value = 0,0406) e comprovou-se o aumento da densidade do osso tratado (de 4,15 para 4,78 mmAl). Conclui-se que a densitometria óssea, junto ao isolamento e identificação do agente etiológico corroboram a eficiência do modelo experimental na indução de osteomielite. |