Resumo |
Introdução: A escolha e consumo alimentar são complexos e dependem de diversos fatores. Ademais, a disponibilidade de alimentos e a rotina diária requerem a adaptação do indivíduo às necessidades da vida cotidiana. Assim, a busca por opções de alimentação que podem, ou não, ser saudáveis, pode ser feita tanto em casa como fora dela, como em restaurantes e redes de fast-food. Evidências apontam que o local de realização das refeições pode impactar a qualidade da alimentação, influenciando, assim, na saúde dos indivíduos. Todavia, estudos sobre a associação entre o local das refeições e fatores de risco cardiometabólico ainda são escassos, especialmente em indivíduos em risco cardiovascular. Objetivo: Avaliar a associação entre o local de realização das refeições e fatores de risco cardiometabólico em indivíduos atendidos pelo Programa de Atenção à Saúde Cardiovascular (PROCARDIO-UFV). Métodos: Estudo transversal (2013-2019) realizado com 367 indivíduos; 43,39 ± 17,01 anos (55,9% mulheres; 44,1% homens), sendo, em sua maioria, estudantes (37,9%) e servidores (34,9%) da UFV. A partir dos prontuários de atendimento do programa, foram coletados dados sociodemográficos, antropométricos (peso, altura e perímetro da cintura), bioquímicos (glicemia em jejum), clínicos (pressão arterial) e sobre os locais de realização das refeições (em casa, fora de casa ou ambas as opções). As análises estatísticas foram realizadas no software SPSS® 20.0. Os dados foram apresentados como frequência e média ± desvio-padrão ou mediana e intervalo interquartil (IIQ). A normalidade das variáveis foi avaliada pelo teste Shapiro-Wilk e as associações pelos testes ANOVA ou Kruskall-Wallis, com post-hoc de Bonferroni, adotando-se nível de significância de 5%. Resultados: Dos indivíduos estudados, 15,5% referiram realizar as refeições em casa e fora de casa (ambos), 61,9% realizavam apenas em casa e 22,6% apenas fora de casa. Os indivíduos que realizaram as refeições em casa e fora de casa (ambos) apresentaram valores significativamente menores de IMC (27,5 ± 6,1 kg/m²; p=0,013), perímetro da cintura (93,1 ± 13,7 cm; p=0,007), glicemia em jejum (86 e IIQ=17 mg/dL; p=0,002) e pressão arterial diastólica (80 e IIQ=10 mmHg; p=0,013) comparados àqueles que realizaram as refeições somente em casa (29,7 ± 5,6 kg/m²; 98,6 ± 13,4 cm; 98 e IIQ=32 mg/dL; e 80 e IIQ=10 mmHg, respectivamente) e somente fora de casa (28,2 ± 8 kg/m²; 94,5 ± 15,6 cm; 92,9 e IIQ=14,3 mg/dL; e 80 e IIQ=13 mmHg, respectivamente). Conclusão: Indivíduos que realizam as refeições em casa e fora de casa (ambos) têm um melhor perfil cardiometabólico. Esses resultados podem ser atribuídos ao fato de que, na amostra do estudo, predominam estudantes que realizam parte de suas refeições no restaurante universitário, que deve estar de acordo com as recomendações nutricionais diárias de um indivíduo saudável, oferecendo cardápios balanceados nutricionalmente. Apoio: CAPES (001) e CNPq. |