Resumo |
A subluxação atlantoaxial é o deslocamento dorsal da parte cranial do axis gerando uma compressão medular, que pode ser diagnosticada por exame físico e neurológico, associados à exame radiográfico. Tal alteração pode ser congênita ou traumática e o paciente apresenta sinais neurológicos principalmente de neurônio motor superior. O tratamento pode ser conservador com imobilização cervical ou tratamento cirúrgico, com a artrodese entre atlas e áxis, associada à descompressão da medula. Objetiva-se relatar o caso de uma paciente felina, de 3 meses de idade, 700 gramas, resgatada, apresentando hipotermia, hipotensão, desidratação, anorexia, paralisia flácida dos membros pélvicos e torácicos, com dor profunda e nervos cranianos preservados, estado de consciência pouco reduzida, em decúbito lateral e uma ferida cutânea pequena em região cervical. Após 24h de tratamento de suporte, a paciente apresentou melhora da hipotensão, desidratação, porém a normotermia foi estabelecida após 72h de tratamento, associada à estado de consciência normal, normorexia, normúria e normoquesia, mantendo paralisia flácida dos membros. A paciente foi submetida à exame radiográfico, que evidenciou subluxação atlantoaxial. Devido ao porte e idade da paciente, optou-se por tratamento conservador, sendo realizada imobilização cervical da paciente com colar confeccionado com componente rígido, ataduras, algodão ortopédico e esparadrapo, repouso, antiinflamatório não esteroidal e analgesia. Após 24h da utilização da imobilização, a paciente iniciou recuperação dos movimentos dos membros progressivamente, porém, após 10 dias de imobilização, a paciente apresentou apatia, hiporexia, paraplegia, anisocoria e leucocitose por neutrofilia, com presença de neutrófilos tóxicos, sem alterações em exame radiográfico e ultrassonográfico. Após remoção do colar cervical para investigação, identificação do foco infeccioso, observou-se abscesso em região cervical. A paciente foi submetida à coleta de líquor cervical que resultou em pleiocitose neutrofílica moderada e aumento de proteínas. Devido aos sinais clínicos, exame físico, exame complementar e localização do abscesso, a paciente foi diagnosticada com meningite sendo prescrito meropenem 12 mg/kg, BID, subcutâneo, por 15 dias. Após 3 dias de antibioticoterapia, a paciente recuperou os movimentos e teve reversão da anisocoria. Paciente se encontra clinicamente bem e sem sinais neurológicos durante o acompanhamento. Conclui-se que o tratamento conservador da subluxação atlantoaxial, pode ser efetivo e com bons resultados em pacientes felinos jovens. Além disso, o diagnóstico correto e rápido das meningites bacterianas, favorece o tratamento e o prognóstico do paciente. Sendo importante o relato de caso, devido ao baixo número de publicações sobre o assunto. |