Resumo |
O café (Coffea arabica) é uma bebida consumida mundialmente devido, em grande parte, aos compostos bioativos. Os principais compostos bioativos presentes no café são a cafeína, o ácido cafeico, os ácidos clorogênicos e a trigonelina. O teor destes compostos influencia conjuntamente no aroma, amargor, adstringência e funcionalidade da bebida. No entanto, há poucas informações sobre parâmetros genéticos relacionados ao teor destes compostos em cultivares de café. O presente trabalho teve como objetivo estimar a herdabilidade de compostos bioativos e avaliar o grau de correlação entre estes. Foram utilizados 60 materiais genéticos de café delineados em blocos ao acaso com três repetições. Uma amostra de 5 L de café cereja de cada material foi separada e seca em terreiro suspenso. As amostras foram descascadas, separadas em peneira 17 e os defeitos foram eliminados. Uma amostra de 30 g de café foi pulverizada em moinho analítico e realizada uma extração aquosa a 80° C por 3 min. Para a determinação dos compostos, foi utilizado HPLC / UV-Vis. Foram utilizados os padrões de cafeína, ácido cafeico, ácido clorogênico (5-CQA) e trigonelina para obtenção da curva padrão. O teor final de cada substância foi obtido por integração da área do cromatograma. A herdabilidade foi determinada pelo método de Cullis, sendo os componentes de variância obtidos por modelos mistos via REML/BLUP. As correlações fenotípicas foram calculadas pelo método de Pearson. A variabilidade genética foi significativa (p < 0,001) para os compostos bioativos analisados. O CV variou de 9 a 13%, indicando boa precisão experimental. A herdabilidade média dos compostos bioativos foi de 0,76 ± 0,0123. As herdabilidades obtidas indicam que uma grande fração da variação fenotípica é devida a causas genéticas. Dessa forma, a seleção para o aumento ou redução dos compostos bioativos no café deve ser eficiente. As linhagens Catucaí 785/15, Acauã 7% e Bourbon Amarelo apresentaram os maiores teores de trigonelina. Catucaí - Açu, Siriema Vermelho, Bourbon Vermelho e Catucaí 785/15 apresentaram os maiores teores de 5-CQA. O menor teor de cafeína foi observado na linhagem Maracatiá, seguida pela linhagem Catuaí 66. Os menores teores de ácido cafeico foram encontrados nos materiais Maracatiá, Catucaí Vermelho e Águia (Catuaí/Catimor). As correlações entre cafeína, ácido cafeico, 5-CQA e trigonelina foram positivas e de baixa magnitude, porém de efeito significativo. Destaca-se a menor correlação entre 5-CQA e cafeína (0,14; p < 0,05) e a maior correlação entre trigonelina e 5-CQA (0,29; p < 0,001). A pequena magnitude da correlação entre os compostos bioativos indica que a resposta correlacionada na seleção para estes caracteres deve ser baixa. Este estudo demonstra a existência de variabilidade genética para os principais compostos bioativos no café. Entende-se ser o primeiro passo para o desenvolvimento de cultivares de café que atendam atributos específicos de qualidade. |