Outros membros |
Erica Garcia Mafort, Felipe Sperandio de Mattos, Fernanda Rolla de Oliveira Lara, Giulia Ornellas Fuzaro Scaléa, JOSE DANTAS RIBEIRO FILHO, Luiza Pinheiro Andrade, Mayara Oliveira dos Santos, Raffaella Bertoni Cavalcanti Teixeira |
Resumo |
A ureia é constantemente utilizada como fonte de nitrogênio não proteico na dieta dos bovinos e sabe-se que o excesso da ingestão deste composto leva a quadros de intoxicação, que são comumente relatados nessa espécie. Em contrapartida, na espécie equina, existe grande escassez de literatura acerca deste tipo de intoxicação, talvez pela maior resistência a intoxicação por esse elemento e pelo fato da sua não utilização como alimento para equinos. O presente trabalho objetiva relatar o caso de uma fêmea equina, de 12 anos de idade e 350 kg, atendida no Hospital Veterinário de Grandes Animais da Universidade Federal de Viçosa, apresentando alterações neurológicas após ingestão de sal mineral para bovinos. Na anamnese, o proprietário relatou que horas após a ingestão do sal mineral contendo ureia e sulfato de amônia, o animal apresentou cegueira, incoordenação dos membros, desorientação, hiperatividade, dificuldade na apreensão e deglutição dos alimentos e que o mesmo se jogava bruscamente contra o chão. Houve evolução dos sinais clínicos durante as primeiras 72 horas e, após este tempo, o quadro se manteve. Na propriedade, o animal foi tratado por um leigo, com 2 ampolas de pilocarpina, 5 dias de dexametasona (10mg/dia), Ceftiofur (1,42mg/kg/dia) e foi hidratado com 10 litros de solução parenteral de Ringer com Lactato. Após 7 dias do aparecimento dos sinais e, sem resposta ao tratamento, o animal foi encaminhado ao hospital veterinário da UFV. Ao exame clínico, notou-se desidratação de 8%, atonia intestinal, apatia, ataxia e redução de propriocepção em todos os membros, acuidade visual reduzida e com ausência de reflexo à ameaça, além de baixa sensibilidade facial e tônus lingual diminuído. O paciente foi então tratado com Dimetilsulfóxido a 10% em solução Ringer com Lactato, uma vez ao dia, durante 3 dias; Dexametasona (0,05 mg/kg), uma vez ao dia, por 5 dias; Sulfadoxina com trimetoprim (30 mg/kg), uma vez ao dia, por 5 dias; Vitamina B1 e B12 e Omeprazol (2 mg/kg), uma vez ao dia, durante 5 dias. A reposição hidroeletrolítica foi realizada por meio de hidratação enteral, utilizando-se solução eletrolítica neutra fornecida inicialmente em bolus e seguida pela administração em fluxo contínuo. Ao verificar presença de motilidade intestinal e ausência de possíveis compactações ou obstruções intestinais, iniciou-se a alimentação de forma passiva, via sonda nasogástrica, com suco de couve e pontas de capim-elefante. Após 5 dias houve melhora na ingestão de alimento e redução de alterações neurológicas, que estabilizaram e não melhoram mais, após 23 dias de internamento, o animal apresentou algumas compactações, pela dificuldade de ingerir agua e começou a manter-se por longos períodos em decúbito esternal e lateral, com grande perda de peso, optando-se então pela eutanásia, para evitar o sofrimento. |