Resumo |
Introdução: Evidências apontam que o consumo elevado de gorduras saturadas e trans pode contribuir para o aumento do peso corporal, levando à obesidade e à ocorrência de outros fatores de riscos cardiometabólicos. No entanto, como os diferentes tipos de gorduras se associam ao IMC e à glicemia de jejum ainda é pouco elucidado, especialmente em indivíduos em risco cardiovascular. Objetivo: Avaliar a associação entre os tipos de gordura consumidos e o índice de massa corporal e glicemia de jejum em indivíduos atendidos pelo Programa de Atenção à Saúde Cardiovascular da Universidade Federal de Viçosa (PROCARDIO-UFV). Métodos: Estudo transversal, realizado com 367 indivíduos (205 mulheres/ 162 homens), entre 19 e 84 anos. A partir dos prontuários de atendimento do programa, foram coletados dados sociodemográficos, antropométricos (peso e altura para cálculo do IMC, posteriormente categorizado para definição do estado nutricional), bioquímicos (glicemia de jejum, definida como alterada quando ≥ 100 mg/dL) e sobre os diferentes tipos de gorduras utilizadas. Os dados foram apresentados como frequência e as associações foram testadas pelo teste qui-quadrado, com nível de significância de 5%. As análises foram realizadas no SPSS v.20. Resultados: O óleo de soja foi o mais utilizado na população estudada (76,3%; n=280), seguido do azeite (4,9%; n=18) e da banha de porco (0,8%; n=03), e 10,1% (n=37) dos participantes relataram usar outros tipos de gorduras. A prevalência de sobrepeso foi de 32,4% (n=119) e de obesidade 40,3% (n=144), e 29,7% apresentavam glicemia alterada (n=109). Ao avaliar a associação do estado nutricional e glicemia alterada com os diferentes tipos de gordura utilizados, não foram observadas diferenças estatisticamente significantes (p=0,315 e p=0,562, respectivamente). Conclusão: Não foi observada associação entre os tipos de gordura consumidos e o índice de massa corporal e glicemia de jejum na amostra estudada. Esses resultados podem ser explicados pelo baixo consumo de gorduras entre os indivíduos avaliados, uma vez que se trata de uma população com risco cardiovascular, e a não contabilização da gordura utilizada para o preparo das refeições, sendo necessários mais estudos acerca do tema para confirmação dos achados. Ressalta-se que a gordura é o macronutriente mais calórico, e, dessa forma, o consumo além das necessidades pode contribuir para o ganho de peso. Atrelado a isso, as gorduras saturadas e trans, especialmente, favorecem o aumento da adiposidade abdominal, fator diretamente associado a maiores níveis glicêmicos. |