Resumo |
As políticas para a educação das relações étnico-raciais têm ampliado as discussões acerca dos processos formativos de professoras/es. Nas duas últimas décadas, as pesquisas apontam a necessidade de formação das/os professoras/es para suas práticas pedagógicas mediante a diversidade étnico-racial dos sujeitos da educação básica ao ensino superior. Diante disso, compreendemos que a começar pela educação infantil esta formação se faz urgente, visto que trata-se do primeiro contato da criança com o espaço escolar e que as vivências e experiências proporcionadas pelos cotidianos neste meio irão compor sua subjetividade. Partindo do levantamento de estudos sobre a formação de professoras/es para uma educação das relações étnico-raciais na educação infantil, encontramos 12 artigos. Para isso, realizamos o estudo do estado da arte (ANDRÉ, 2009) onde analisamos os artigos em duas plataformas: a SciELO e a Revista da ABPN. A primeira refere-se a uma biblioteca digital cooperativa e a segunda consiste em uma revista da Associação Brasileira de Pesquisadores/as Negros/as com publicações de pesquisadoras/es e intelectuais negras/os. A leitura dos artigos atendeu ao recorte de tempo de 2011 a 2021 e à categoria formação de professores em diálogo com a educação infantil e as relações étnico-raciais. A partir disso, tabelas foram produzidas a fim de perceber quais artigos apontavam de forma explícita em seu título ou palavras-chave os termos “formação de professores”, “educação infantil” e “relações étnico-raciais”, bem como aqueles em que os descritores de busca indicavam, simultaneamente, a presença dos mesmos ou de termos similares no texto. As produções também foram processadas no software IRAMUTEQ para a análise de similitudes, onde percebemos a formação docente ligada à perspectiva multicultural mediante as demandas da diversidade de sujeitos. Ao mesmo passo, verificamos a referência às práticas pedagógicas antirracistas em atenção à educação infantil e a preocupação com as representações sociais para as crianças negras, sobretudo no que diz respeito a formação da identidade de crianças pequenas. Tais aspectos dialogam com os cotidianos escolares com o intuito de atender a Lei nº 10.639/2003. Contudo, constatamos uma escassez de estudos acerca da temática pesquisada, sendo dois artigos do início da década (2011 e 2012) e dez deles referentes aos últimos quatro anos (2017-2020). Lucimar Rosa Dias, em 2012, já nos alertava que cursos sobre relações étnico-raciais não apresentavam visibilidade para formação de professores e ainda destaca a necessidade da temática na educação infantil. Isto posto, a educação das relações étnico-raciais, demanda processos formativos comprometidos com a promoção da igualdade racial envolvendo as instituições de ensino e o poder público. |