Resumo |
A cavidade oral corresponde ao quarto local mais acometido por neoplasias em felinos, os quais, na maioria dos casos, correspondem às neoformações malignas. A mandibulectomia e maxilectomia são técnicas comumente indicadas para tratamento destas neoplasias. De acordo com a área a ser resseccionada, as maxilectomias parciais podem ser classificadas como maxilectomia rostral, central ou caudal ou pré-maxilectomia bilateral rostral. Objetiva-se relatar o caso de um paciente felino macho, SRD, 8 anos de idade, apresentando epistaxe, hiporexia, êmese, secreção ocular esquerda e, estrutura em região maxilar rostral e lateral esquerda, de crescimento infiltrativo, consistência moderada, vascularizada, abrangendo desde a região gengival até palato duro, com região central ulcerada, linfonodo mandibular esquerdo de consistência aumentada, com pouca mobilidade, irregular, aumentado, glândula salivar submandibular firme e aumentada, nódulo adjacente ao linfonodo mandibular esquerdo, firme, não aderido, ausência do canino, pré-molares e molar e lateralização e mobilidade dos incisivos, sendo todos superiores esquerdos. Avaliação citológica evidenciou neoplasia epitelial, e o exame radiográfico de face; radiopacidade de tecidos moles em concha nasal esquerda, lise óssea intensa e fratura patológica em maxila esquerda. O paciente foi submetido à maxilectomia rostral e central esquerda, sendo realizada incisão peri tumoral da mucosa bucal, gengival e de palato duro, com divulsão do tecido macroscopicamente sadio, seguindo-se da osteotomia do osso incisivo, expandindo para rafe palatina e região compatível com inserção de primeiro molar superior esquerdo, permitindo a remoção da neoplasia principal e expondo a cavidade nasal, sendo removidos cornetos nasais e parte do septo nasal. Em seguida, aproximou-se as bordas entre mucosa labial e palatina, em dois planos de sutura, em padrão simples interrompido e simples contínuo com Poliglecaprone 4-0. Foi realizada extração do canino inferior esquerdo, linfadenectomia de linfonodo mandibular esquerdo, exérese de nódulo perilinfonodal e da glândula salivar submandibular esquerda e esofagostomia. Após 8 dias do procedimento, foi removida sonda esofágica, onde paciente iniciou ingestão alimentar espontânea. O exame histopatológico evidenciou adenocarcinoma acinar com invasão vascular e metástase nodal e comprometimento de margens cirúrgicas. O paciente foi encaminhado para quimioterapia. Apesar do prognóstico desfavorável, por se tratar de uma neoplasia maligna, a excisão cirúrgica da maior parte do tumor, antes da aplicação de outras modalidades terapêuticas objetiva melhorar a qualidade de vida do paciente e permitir o controle local do tumor. Assim, a maxilectomia deve ser considerada em neoplasias orais, pois, mesmo não proporcionando a cura, possibilita controle local desses tumores, preservação da função local, da capacidade de ingestão hídrica e alimentar, além de melhorar resposta às terapias adjuvantes. |