Resumo |
No melhoramento genético do cafeeiro (Coffea arabica L.) um dos principais objetivos nas instituições de pesquisa é a obtenção de cultivares com resistência a doenças, principalmente à ferrugem (Hemileia vastatrix). Assim, o objetivo desse trabalho foi analisar a resistência de 36 cultivares/progênies de café a H. vastatrix por meio de fenotipagem e genotipagem. Foram utilizadas 30 cultivares, três progênies elites resistentes e três cultivares suscetíveis à ferrugem, que se encontram na área experimental do Departamento de Fitopatologia, na Universidade Federal de Viçosa (UFV). A avaliação fenotípica foi realizada por meio da metodologia de disco de folhas. Folhas das plantas foram coletadas e inoculadas com a raça II de H. vastatrix, considerada a mais frequente no Brasil. Os componentes de resistência avaliados foram: Período de Incubação (PI), Período Latente (PL) e Severidade (%). Verificou-se também a presença de marcador molecular associado a genes de resistência. Foi realizada extração de DNA das folhas e genotipadas com o marcador molecular específico CARF005. Esse marcador permite a identificação de genótipos no loco D, diferenciando os cafeeiros analisados em D_ (resistente) e dd (suscetível). Na fenotipagem, dos 36 indivíduos avaliados, nove apresentaram susceptibilidade a H. vastatrix. Desses, o material que apresentou menor severidade foi a progênie H 419-3-3-7-16-4-1 (3,07%), com período de incubação de 23 dias e período latente de 40 dias. Maior severidade foi observada na a cultivar Pau Brasil MG1 (28,44%), com período de incubação e latente de 19 e 26 dias, respectivamente. Com base na análise molecular foram observados 12 cafeeiros contendo os genótipos D_, considerados, portanto, resistentes. Genótipos recessivos (dd) também foram encontrados para 24 indivíduos genotipados, caracterizando esses cafeeiros como suscetíveis. Desses, nove apresentaram susceptibilidade a raça II de H. vastatrix e 15 apresentam resistência. Os indivíduos H 419-3-3-7-16-4-1 e Pau Brasil MG1 apresentaram suscetibilidade a raça II e, quando conferido o genótipo, foram caracterizados como resistentes, apresentando o genótipo D_. Isso se deve ao fato de que a resistência do café à ferrugem não é definida por apenas um loco, dessa forma é possível que outros genes estejam ligados a resistência nesses indivíduos. É importante considerar que não se conhece a raça a qual o marcador utilizado, CARF 005, confere resistência, apesar de já ter sido detalhadamente caracterizado e amplamente utilizado nos programas de melhoramento. Foi possível caracterizar de forma eficiente a resistência dos cafeeiros estudados quanto a raça II de H. vastatrix por meio da fenotipagem e da genotipagem. Outros marcadores associados a outros locos de resistência serão utilizados para uma análise mais detalhada dos genótipos dos indivíduos estudados. |