Resumo |
O Brasil é o maior mercado mundial de defensivos agrícolas e apresenta taxa de utilização superior a 4 kg∙ha-1. Esses insumos são fundamentais para controlar pragas, doenças e plantas daninhas que interferem negativamente na produtividade das plantas cultivadas. A eficiência e a eficácia do uso desses insumos dependem do correto emprego das técnicas de aplicação de defensivos. O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito da temperatura da calda (líquido) na formação do espectro de gotas em pontas hidráulicas. Os experimentos foram conduzidos no Laboratório de Mecanização Agrícola, pertencente ao Departamento de Engenharia Agrícola, da Universidade Federal de Viçosa (UFV), localizada no município de Viçosa, Minas Gerais. A avaliação do espectro de gotas foi conduzida em laboratório, utilizando a calda nas temperaturas de 5, 10, 20, 30 e 40 °C. O espectro de gotas foi avaliado por meio de um analisador a laser de partículas da marca Malvern Instruments Ltda., modelo Spraytec, com lente focal de 750 mm e para gerenciar os dados coletados pelo analisador de partículas foi utilizado um programa computacional da própria fabricante. Foi utilizada uma ponta hidráulica da marca Hypro® modelo 3D 100-02, com vazão nominal de 0,76 L∙min-1. A ponta foi ajustada para operar com a pressão de 3 bar e foi montada em uma estrutura que permitia a passagem do jato entre as lentes do analisador de partículas. Para cada temperatura analisada foram realizadas cinco repetições. Foram avaliados o percentual do volume composto por gotas com diâmetro abaixo de 100 µm (%V<100 µm), o diâmetro da mediana volumétrica (Dv50%) e a amplitude relativa do tamanho das gotas (SPAN). O aumento da temperatura de 5 para 40 °C proporcionou um aumento de aproximadamente 80% no percentual do volume de gotas com diâmetro abaixo de 100 µm (%V<100 µm). O comportamento pode ser explicado pela baixa taxa de evaporação que as gotas tendem a apresentar quando estão em menores temperaturas, pois para acontecer a evaporação do líquido é necessário que adquira uma quantidade suficiente de energia. Um menor valor de %V<100 µm pode indicar que as gotas sofreram menor evaporação na medida em que a temperatura da calda foi reduzida. A redução da temperatura de 40 para 5 °C aumentou o diâmetro da mediana volumétrica de 183,44 para 222,06 µm, o que pode ser explicado pelo aumento da tensão superficial e viscosidade da calda com a redução da temperatura. A amplitude relativa do tamanho das gotas (SPAN) não apresentou variação muito pronunciada com a variação da temperatura da calda, apresentando valor médio de 1,78. Com base nos resultados, podemos concluir que o resfriamento da calda pode ser uma estratégia com potencial para melhorar a qualidade das aplicações, pois ficou evidenciado a redução do volume de gotas mais críticas em relação à deriva e evaporação (%V<100 µm), além de proporcionar o aumento do diâmetro da mediana volumétrica (Dv50%) sem modificar a homogeneidade do espectro de gotas (SPAN). |