Resumo |
O crescimento populacional tem contribuído com a demanda por produtos agroindustriais e, consequentemente, com a geração de águas residuárias deste setor. Devido à alta concentração de matéria orgânica e nutrientes, o tratamento destes efluentes requerem alternativas inovadoras para otimização da remoção de poluentes. Neste contexto, o cultivo de microalgas em águas residuárias é uma alternativa sustentável, do ponto de vista ambiental e econômico, que vem atraindo a atenção dos pesquisadores, uma vez que a biomassa de microalgas pode ser usada em diversas aplicações comerciais como na suplementação da dieta animal, produção de biocombustível e biofertilizantes, além de seus subprodutos de alto valor agregado. Diante do exposto, a pesquisa realizada teve o objetivo de analisar a recuperação de nutrientes presente na água residuária da suinocultura (ARS) por meio do cultivo de microalgas. O experimento foi realizado em três bateladas, cada uma com duração de duas semanas e conduzido no Laboratório de Engenharia Sanitária e Ambiental da Universidade Federal de Viçosa, entre os meses de março a abril de 2021. Foi instalado um reator de biofilme (RB) em uma lagoa de alta taxa (LAT) de forma a proporcionar a junção de dois métodos de cultivo. No RB ocorreu o cultivo aderido, onde a biomassa se fixou em um meio suporte, produzindo um biofilme de microalgas, e na LAT ocorreu o cultivo suspenso, em que as microalgas cresceram dispersas no efluente. Foram mensurados oxigênio dissolvido (OD), temperatura, pH, nitrogênio amoniacal (N-NH3), nitrato (N-NO3-), sólidos totais voláteis (STV), sólidos suspensos voláteis (SSV) e clorofila-a. Os resultados apontaram que foi possível alcançar uma produção de biomassa total de 34,7 gSTV/m² no RB e 171,2 gSSV/m² na LAT. A determinação indireta da biomassa algal se deu através da leitura de clorofila-a, por espectrofotometria. Os teores chegaram a atingir 0,79 g/m² no RB e 757,6 g/m² na LAT. O N-NH3 foi monitorado em virtude de sua elevada concentração em efluentes de suinoculturas, sendo que a sua remoção média foi igual a 71,2%. Além da assimilação pelas microalgas, observou-se a conversão de N-NH3 em N-NO3-, que atingiu cerca de 388 mg/L. Os resultados dos demais parâmetros ambientais demonstraram que a temperatura do meio de cultivo se manteve dentro da faixa ótima para o crescimento de microalgas, e que estas contribuíram para a depuração do efluente, aumentando a saturação de OD em até 122%. O pH se manteve próximo da neutralidade, evidenciando que a remoção de N-NH3 ocorreu via nitrificação e assimilação algal. Por conseguinte, foi possível concluir que o tratamento de ARS utilizando microalgas apresentou boa eficiência de remoção de N-NH3 e se mostrou eficaz quanto produção de biofilme de microalgas. |