Resumo |
O estudo buscou analisar como os desastres ambientais ocorridos em Mariana e Brumadinho - Minas Gerais, em 2015 e 2019, respectivamente, afetaram as suas atividades turísticas na percepção de atores locais e potenciais turistas. Como marco teórico, utilizou-se abordagens relacionadas à Economia Comportamental e ao Comportamento do Consumidor Turista. A pesquisa classifica-se como de natureza qualitativa e quantitativa, do tipo descritiva, e de levantamento, sendo os dados coletados por meio de questionários junto a potenciais turistas (considerando o mesmo perfil para as duas cidades) e entrevistas com atores públicos, privados e da sociedade civil envolvidos com o turismo, ambos de forma online. Ao todo, foram obtidas 424 respostas via questionário e realizadas 29 entrevistas, sendo 13 com atores de Brumadinho e 16 de Mariana. Os dados qualitativos foram interpretados por meio da análise de conteúdo e os quantitativos de estatísticas descritivas. A partir das entrevistas, constatou-se que os principais efeitos dos desastres no turismo de Mariana e Brumadinho foram a redução do fluxo turístico (10 entrevistados de Mariana e 11 de Brumadinho) e a exposição negativa das cidades, principalmente pela falta de clareza na divulgação pela mídia sobre as áreas atingidas (15 entrevistados de Mariana e 7 de Brumadinho), e da própria exposição negativa da imagem do desastre, no caso de Brumadinho (10 entrevistados). Já a partir dos questionários, constatou-se que, em média, dentre os fatores que influenciam a escolha dos destinos pelos turistas, aqueles relacionados mais diretamente aos desastres são os que apresentam menor influência, embora devam ser considerados, são eles: “possibilidade de correr riscos” (média 3,5, considerando uma escala de 0 a 5, em que 0 não influencia nada e 5 totalmente); “conhecimento da ocorrência de algum evento negativo na cidade” (média 3,4); e “informações negativas divulgadas sobre o local” (média 3,6). A imagem das cidades também foi afetada, visto que em Mariana a imagem do desastre é a segunda de maior destaque (28%) e, em Brumadinho, a primeira (49%). Ademais, 16% afirmam que reduziram a vontade de conhecer Mariana, sendo as maiores causas para tal o medo da ocorrência de um novo desastre durante a visita e o sentimento de luto. Por outro lado, aumentou a curiosidade de 20%. Quanto à Brumadinho, 18% reduziram a vontade de conhecer a cidade pelos mesmos motivos de Mariana, enquanto que aumentou a curiosidade de 17%. Conclui-se que os efeitos do “evento desastre” no turismo se assemelham nos casos analisados e que estes carecem de iniciativas públicas e privadas de fomento a este setor, de forma que ele retome o seu potencial de crescimento e de contribuição ao desenvolvimento local. Além disso, é necessário que esta retomada se dê de forma planejada e focada em uma reconstrução da imagem positiva destas cidades, a partir do diálogo, do esforço e da participação de todos atores envolvidos em prol desse objetivo. |