Resumo |
A pesquisa teve como objetivo geral problematizar o aumento da violência doméstica contra a mulher no contexto de isolamento social pela Pandemia de Covid 19, utilizando os dados publicados no site do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, a partir das denúncias recebidas no Disque 100 e Ligue 180. A abordagem da pesquisa é de natureza qualitativa, de caráter descritivo, bibliográfico e documental. Na parte bibliográfica foi realizada uma revisão teórica em livros e artigos científicos sobre a temática violência contra a mulher. A parte documental se deu a partir de dados divulgados pelos canais do Disque 100 e Ligue 180. A análise dos dados se deu à luz da racionalidade crítico- materialista, histórica e dialética que busca entender a realidade dos fenômenos na totalidade da sociabilidade capitalista. Os resultados apontaram que o isolamento social decorrente da pandemia e a agudização da pobreza reverberam na ampliação da violência, notadamente contra mulheres negras e pobres. O vírus descortina diante de nós a desigualdade social que existe e perpassa não apenas pela violência e pela questão de gênero, mas envolve outros fatores sociais, como classe, raça e cor, que se colocam como um entrave ao acesso à informação e aos direitos humanos. Conclui-se que conhecer as particularidades desse fenômeno, incluindo as características dos indivíduos envolvidos e os territórios onde eles estão inseridos é indispensável para o desenvolvimento de políticas públicas, programas, projetos e ações eficazes de prevenção e enfrentamento à violência contra as mulheres. Por ser a violência multifacetada e envolver uma multicausalidade e múltiplas consequencias, essa força tarefa exige uma articulação de diversos setores, como a educação, a assistência social, a justiça, o setor de segurança, bem como o setor da saúde, considerando os danos físicos, emocionais e psicológicos. Essa articulação possibilita garantir a integralidade do atendimento e subsidiar a construção de políticas sociais mais próximas à realidade das vítimas de violência doméstica. |