Resumo |
O texto constitucional consagra a família e o trabalho como base do Estado. No provimento das unidades familiares, independente do gênero, é imposta ao trabalhador uma jornada dupla de trabalho, quando também se leva em conta as rotinas domésticas. Entretanto, mesmo com as mudanças ocorridas no ambiente familiar e no mercado de trabalho, as condições não são igualitárias, pois as mulheres ainda continuam responsáveis em grande parte pelo trabalho reprodutivo. Diante desta lógica, fica imposto o desafio da conciliação entre o trabalho remunerado e vida familiar, que perpassa pela possibilidade de equilíbrio entre as exigências legais do trabalho e as necessidades e responsabilidades estabelecidas na esfera familiar. Além disso, a abertura do mercado para empresas multinacionais e a maneira de trabalhar em home-office - apontam para um panorama com diversas formas de trabalhar - e se mostram como uma realidade do trabalho (RAFALSKI; ANDRADE, 2015). Segundo Souza et al. (2021), a nova configuração de trabalho fez com que o problema das relações sociais de gênero se tornasse ainda mais acentuado e conflituoso no tocante à conciliação das responsabilidades de trabalho e familiares. Em relação aos cargos de trabalho Silva (2005) destaca que os gerentes e gestores, ao dedicarem mais tempo a uma das dimensões da vida, o trabalho, também vivenciam conflitos entre o trabalho desempenhado na função de gerência e a vida familiar. Assim o objetivo deste estudo foi compreender as representações dos gestores de uma instituição pública sobre a relação entre trabalho e família. Para tanto, utilizou-se a pesquisa qualitativa por meio de entrevistas. O corpus foi constituído a partir das entrevistas com gestores da Universidade Federal de Viçosa/MG, analisado de acordo com as constatações da análise de conteúdo e com o apoio do software IRaMuTeQ. A discussão dos dados ocorreu à luz da Teoria das Representações Sociais, considerada útil para compreender os discursos provenientes do imaginário, dado que as representações não são autoexplicativas. Para Jodelet (2001), as representações sociais são importantes na vida cotidiana e nos orientam na forma de nomear e definir conjuntamente os diversos aspectos do nosso dia a dia, a forma de interpretá-los, defini-los e, se necessário, de tomar uma posição sobre algo e defendê-lo. Os resultados mostraram que existem gestores que, na sua vida cotidiana, enfrentam dificuldades para conciliar trabalho e família, enquanto outros conseguem ter um equilíbrio na relação trabalho, família e satisfação. Evidenciou-se, também, que existe a sobrecarga para a mulher, bem como os desafios para atingir o equilíbrio, além do contexto do trabalho remoto. Dentre as conclusões, pode-se afirmar que o equilíbrio na relação trabalho e família está associado com a satisfação e, além disso, que o trabalho remoto apareceu como um diferencial, intensificando as relações de trabalho e família. |