Resumo |
Resistência a seca em tomate é encontrada principalmente em espécies silvestres aparentadas, incluindo Solanum Pennellii. Como o sistema radicular de S. Pennellii é superficial e pouco desenvolvido, acredita-se que a capacidade dessa espécie de sobreviver em ambientes áridos esteja relacionada com alterações morfofisiológicas e anatômicas da parte aérea da planta. Dentre as características anatômicas de interesse agronômico, a densidade estomática recebe destaque, visto que quanto maior o número de estômatos por área foliar, maior é a porta de entrada para o CO2, substrato principal da fotossíntese. Todavia, pouco se sabe a respeito da densidade estomática dessa espécie e seus descendentes, e se esta é ou não afetada por condições de déficit de irrigação prolongado. Assim, este trabalho teve como objetivo avaliar à influência do déficit de irrigação prolongado na densidade estomática de linhagens de introgressão de tomateiro derivadas de S. pennellii, previamente selecionadas quanto sua resistência a seca. O experimento foi conduzido em esquema fatorial 2x6, em que foram testados 2 regimes hídricos denominados DEFICIT DE IRRIGAÇÃO (DI) (50%) e IRRIGAÇÃO ÓTIMA (IO) (100% da água disponível) e 6 genótipos, sendo as linhagens IL3-5 e IL10-1, tidas como resistentes e as linhagens IL7-1 e IL2-5, tidas como sensíveis a seca a nível de semente, e os parentais M82 e S. pennellii, no delineamento de blocos ao caso, com três repetições. As plantas foram cultivadas em vasos de 15 litros. A irrigação foi feita por meio da pesagem diária dos vasos e reposição da quantidade de água perdida. Folíolos centrais da terceira folha totalmente expandida a partir do ápice foram coletados 60 dias após o início do estresse para determinação da densidade estomática. As folhas coletadas foram diafanizadas para a montagem das lâminas em água glicerinada. A densidade estomática, expressa em número de estômatos por milímetro quadrado (est/mm²), obtida em ambas as faces da folha, se deu pela contagem direta dos estômatos em 6 pontos aleatórios por repetição, e as médias utilizadas na análise. Os dados foram submetidos a análise de variância e as médias comparadas pelo teste de Tukey (p<0,05). A interação genótipo x irrigação foi não significativa para a variável densidade estomática da face adaxial (DEAD), porém foi significativa para a variável densidade estomática da face abaxial (DEAB).A DEAD foi, em média 37,95 est/mm², estatisticamente igual em ambos os regimes de irrigação (p>0,05). Já para DEAB, diferenças entre os regimes de irrigação foram observadas para os genótipos IL10-1 e M82 (p<0,05). A DEAB da IL10-1 foi em média 104,74 est/mm² nas plantas sob IO e 74,17 est/mm² nas plantas sob DI, ao passo que a DEAB da M82 foi em média 77,32 est/mm² sob IO e 107,44 est/mm² sob DI. Assim, uma vez que o DI pode alterar a DEAB de genótipos de tomateiro, a seleção de materiais com maior densidade estomática para cultivos sob DI deve ser feita mediante a imposição do déficit. |