Resumo |
Endêmica em mais de 90 países sendo esses predominantemente tropicais, a leishmaniose é categorizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma Doença Tropical Negligenciada, uma vez que acomete pessoas em situações de extrema pobreza ou em regiões subdesenvolvidas. Dentre os países endêmicos da América Latina, o Brasil representa 90% dos casos registrados reportando infecções de Leishmaniose Tegumentar Americana (causada principalmente por Leishmania braziliensis e Leishmania amazonensis) e Leishmaniose Visceral (causada por Leishmania infantum), apresentando um aumento gradativo da mortalidade nas últimas duas décadas (3,1% em 2000 para 7,1% em 2017). O tratamento atual possui uma alta toxicidade e agressividade (antimoniais pentavalentes, pentamidas e Anfotericina B) e estão associados a resistência do parasito, além de efeitos colaterais graves, dificultando a adesão ao tratamento. Portanto, faz se necessário o estudo de novos compostos de interesse farmacológico menos tóxicos e com maior atividade leishmanicida. Entre os alvos terapêuticos, destaca-se as cinases, por serem importantes sinalizadores celulares para o funcionamento de processos fundamentais como transporte, apoptose e divisão celular, e encontram-se desregulados nos canceres, doenças neurodegenerativas e doenças infecciosas. Nessa categoria, é destacada a atuação das Serine-Arginine Protein Kinases (SPRKs), envolvidas na fosforilação de resíduos de serina e arginina em proteínas SR e atuação na regulação do processo de splicing em mamíferos. Com a participação dessas proteínas no ciclo celular e no controle da síntese de proteínas, as SRPKs demonstram um papel importante no estabelecimento de doenças infecciosas e câncer, mostrando ser um alvo terapêutico potencial quando inibidas. Utilizando compostos com estrutura baseada no inibidor de SRPKs humana (SRPIN340) avaliamos a atividade leishmanicida dos mesmos. Para esse estudo, foram utilizados três séries de compostos (SM, MR e MVAB) derivados do SRPIN340 totalizando 91 compostos que posteriormente foram utilizados em um ensaio de citotoxicidade em macrófagos e avaliada a atividade leishmanicida em L. braziliensis. Durante os ensaios as séries MR e MVAB apresentaram baixos índices de citotoxicidade para com os macrófagos e os compostos da série SM apresentaram em sua maioria citotoxicidade elevada. Os compostos não apresentaram toxicidade relevante a forma promastigota do parasito (encontrada no inseto vetor), porém todos estão sendo testados na forma amastigota (encontrada no hospedeiro vertebrado) a fim de evidenciar se eles conseguem interferir no mecanismo de infecção do parasito. |