Resumo |
Em novembro de 2015 ocorreu o rompimento da barragem de Fundão em Mariana/MG que afetou boa parte da bacia do Rio Doce. Uma quantidade considerável de rejeito de minério de ferro foi depositada nas planícies fluviais do Rio Gualaxo do Norte. Medidas de recuperação estão sendo adotadas após o evento, e o monitoramento dessas áreas é de suma importância, pois os metais pesados presentes no rejeito podem afetar a vida humana e a biodiversidade. Atributos do solo, como a matéria orgânica (MO) e a granulometria são importantes para o desenvolvimento da vegetação. Este trabalho teve como objetivo apresentar e comparar propriedades químicas e físicas dos tecnossolos de duas áreas do Rio Gualaxo do Norte com coberturas vegetais distintas, cinco anos após o rompimento da barragem. A primeira área (P1) está localizada em Mariana, onde anteriormente funcionava a PCH Bicas e após o desastre foi utilizada para revegetação. A segunda área (P2) está no município de Barra Longa/MG próximo ao encontro do rio Gualaxo do Norte e rio Carmo, é uma área de pastagem. As amostras foram coletadas em dezembro de 2020 e cada área foi subdividida em três pontos (A, B e C). Em cada ponto foram realizadas coletas nas profundidades de 0-20, 20-40 e 40-60 cm. As análises químicas e físicas das amostras foram realizadas no Laboratório de Solos da UFV. Os valores obtidos de Cu (1,12mg/dm3), Zn (1,17mg/dm3), Cr (0,01mg/dm3), Ni (0,25mg/dm3), Cd (0,15mg/dm3) e Pb (0,13mg/dm3) indicam que esses metais pesados estão abaixo dos valores de referência apontados pela COPAM em ambas as áreas. Os níveis de Fe e Mn estão altos de acordo com a EMBRAPA. O pH influencia na disponibilidade e toxicidade dos micronutrientes, nesse caso a faixa de pH varia entre 5,14 e 7,6, diminuindo os riscos de toxidade desses micronutrientes pelas plantas, visto que o pH mais baixo é apenas em um dos subpontos. No P1 percebe-se alto teor de Mn (675,2mg/dm3) próximo ao rio e no P2 o Mn tende a se acumular em profundidade, da mesma forma que ocorre com o Fe. Porém no P1 o Fe está em maior teor à medida que se afasta do rio. Os outros metais analisados apresentam valores próximos entre si com pequenas diferenças. O P, K e V foram maiores em P2. O teor de MO é baixo em ambos os pontos, porém maior no P1, provavelmente pela recomposição florística e maior desenvolvimento da vegetação no entorno. O subponto P1 C foi o que apresentou maior teor de argila, apresentando então textura argilosa, os outros subpontos por apresentarem maior teor de areia fina e silte se classificam em textura franca-arenosa e franca. Podemos concluir que as duas áreas apresentaram algumas diferenças nos parâmetros analisados devido os diferentes tratamentos que receberam após o desastre. Ambos apresentam altos níveis de Fe e Mn, sendo que o P1 apresentou teores mais elevados, e os demais metais pesados apresentam pequenas quantidades. A MO é considerada baixa em ambos os pontos e no geral apresentam texturas muito parecidas entre si. |