Resumo |
O desequilíbrio do ecossistema é causado pelo acúmulo de substâncias tóxicas, e pode acarretar inúmeras consequências aos seres humanos e animais por desorganizar as cadeias tróficas e suas inter-relações. Este evento ocasiona, também, a dificuldade em instaurar os conceitos do “Programa One Health”, que busca associar pesquisas relacionadas à saúde humana, animal e ambiental, uma vez que os peixes são importante fonte de alimento para o ser humano. Os peixes e outros organismos aquáticos são os primeiros seres vivos a serem afetados por excessos de poluentes industriais presentes no ambiente aquático e, atualmente, tem-se ampliado a preocupação com o aumento do alumínio livre no ambiente, com seus efeitos negativos sendo potencializados em ambientes com pH ácido. Dessa maneira, o lambari-do-rabo-amarelo (Astyanax altiparanae) apresenta vantagem como bioindicador de alterações ambientais, devido à sua posição na cadeia alimentar e ciclo de vida. Com o objetivo de investigar a CL50-96h do sulfato de alumínio [AL2(SO4)3] em lambaris, foi realizado um teste estático (sem troca de água e sem alimentação) após um período de 10 dias de aclimatação dos peixes em condições de laboratório. O teste foi executado em triplicatas, utilizando-se cinco concentrações (0,2; 0,6; 1,8; 5,4; 16,2 mg/L) e um grupo controle sem o tóxico, com seis peixes por réplica, totalizando 108 peixes. A temperatura e a mortalidade dos peixes foram computadas durante o período experimental a cada 6h, durante as 96h. Os resultados foram analisados no programa CETIS por meio de regressão linear, com o cálculo de determinação binomial reduzindo o intervalo de confiança por média móvel (p<0,05). A temperatura variou entre 24 e 25,5°C, com média de 24,75°C. Nas primeiras 6h foram registrados os maiores índices de mortalidade (94,44% na concentração 5,4mg/L,e 77,78% na concentração 16,2mg/L). Com 12h, ocorreram mortes de 100% (5,4mg/L) e 88,89% (16,2mg/L), esta última tornando-se 100% em 18h. Às 54 e 66 h, houve mortalidade de 5,56% nas concentrações 1,8 e 0,6mg/L, respectivamente. Por fim, com 90h, verificou-se mortalidade de 11,11% (0,6mg/L) e 16,67% (1,8mg/L), com ausência de mortes ao final do experimento (96h). Não houve mortalidade nos animais do grupo controle e nem na concentração 0,2mg/L. As análises estatísticas determinaram o valor de 2,156mg/L para a CL50-96h do alumínio em lambaris. Baixas concentrações de alumínio em ambiente aquático podem causar mortalidade de peixes e seus efeitos podem ser potencializados de acordo com o avanço nos níveis da cadeira trófica. O uso indiscriminado do alumínio, fortemente utilizado pelas indústrias em diversos produtos do cotidiano (desde produtos de higiene pessoal, até mesmo latas de bebidas e corantes alimentícios), pode provocar intoxicação de animais aquáticos e humanos, acarretando doenças e aumento dos impactos ambientais. |