Resumo |
O presente trabalho é fruto dos debates gestados na disciplina EDU 686 - Percursos da Pesquisa Qualitativa em Educação-, no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Educação (Mestrado), da Universidade Federal de Viçosa (PPGE-UFV). O objetivo do trabalho é apresentar uma análise do videoclipe da música Another Brick In The Wall - Parte II (Mais um tijolo no muro-tradução), a partir dos aportes da Etnografia de Tela, que se encontra inserida no campo das pesquisas qualitativas de caráter pós-moderno. Para embasar as discussões, contamos com referências de diversos autores, como: Balestrin e Soares (2012); Foucault (1998;1991); Larrosa (2000); Beltrão (2000) e Veiga-Neto (2008), dentre outros. O uso da etnografia de tela como proposta metodológica tem se consolidado como uma alternativa promissora na área das ciências humanas, por superar as relações métricas e de neutralidade típicas do positivismo. Por meio de uma análise etnográfica e cinematográfica, a etnografia de tela se debruça a descrever sons e imagens, utilizando um olhar social e político. Isso significa que cada indivíduo pode interpretar o mesmo objeto de estudo de diferentes formas, sendo as lentes específicas a cada sujeito. A etnografia de tela se mostra como uma proposta ousada que necessita de sensibilidade no trato do objeto de estudo, pois as imagens e sons precisam despertar emoções, curiosidades e lembranças. O etnógrafo deve conseguir passar para o leitor, por meio das descrições das cenas, as emoções que o tocaram para que, assim, o leitor consiga imaginar e apropriar-se da cena descrita. A música Another Brick In The Wall, escolhida para análise, pertence ao álbum The Wall da banda Pink Floyd, lançado em 1979, e possui 6 minutos e 47 segundos. Seus compositores são Roger Waters e David Gilmour. A música retrata a história do Pinky, uma criança que sofre diversos abusos no ambiente escolar. O clipe é usado como ferramenta atual de crítica e protesto ao sistema escolar que, muitas das vezes, é usado para moldar, disciplinar e reprimir o estudante e o pensamento crítico. A escola como instituição social se configura como uma das primeiras entidades de dominação, podendo formar indivíduos socialmente dóceis. O trabalho revela a necessidade de se ter uma educação crítica-reflexiva, reconfigurada, que incentive a criticidade e a liberdade de expressão. A instituição escolar é instigada a repensar seus “modelos” e garantir uma educação que enfrente a dominação social, que busque a superação de formas de violência e de aprisionamento. Por fim, a análise sinaliza o papel central da formação de professores na perspectiva da mudança da educação brasileira. Compreende-se a importância dos cursos de formação de professores para capacitar e propiciar alicerces aos professores para uma educação transformadora, assegurando o pensamento crítico e a liberdade dos alunos. |