Resumo |
O Alumínio (Al) em solos ácidos encontra-se na forma de Al3+ que é tóxica para muitas espécies de plantas por inibir o crescimento radicular, reduzindo a absorção de água e nutrientes, prejudicando o crescimento e desenvolvimento do vegetal. Entretanto, plantas nativas de solos ácidos, como as do Cerrado, possuem mecanismos de resistência ao Al, sendo que em algumas espécies tem sido descrita a ação benéfica do elemento no crescimento. O estudo do Al em espécies herbáceas do Cerrado, acumuladoras de Al, pode auxiliar na compreensão dos mecanismos de resistência e esclarecer os possíveis papéis benéficos do elemento. Avaliamos a morfoanatomia, os sítios de acúmulo de Al, o percentual de extravasamento de eletrólitos (EE) e a ocorrência de morte celular na folha da herbácea acumuladora Coccocypselum aureum (Rubiaceae), na ausência e presença de Al. Indivíduos da espécie, coletados no cerrado stricto sensu da FLONA de Paraopeba/MG, foram submetidos à hidroponia em dois tratamentos: tratamento 1 (T1) sem Al durante 60 dias e tratamento 2 (T2), sem Al nos 30 primeiros dias e com 500 µM de Al nos 30 dias seguintes. Foi utilizada solução nutritiva de Clark ½ força, pH 4,5, sob aeração constante, com Al na forma de AlCl3. Registro fotográfico da morfologia foi realizado durante o experimento. Ao final de 60 dias, discos foliares de 1 cm de diâmetro foram coletados e avaliados quanto ao EE e submetidos ao corante Azul de Evans para a detecção de morte celular. Teste histoquímico com Solochrome Azurine foi usado para a detecção dos sítios de acúmulo do metal em cortes transversais da lâmina foliar, obtidos em micrótomo de mesa. Dados do EE foram submetidos à análise de variância (ANOVA) e as médias comparadas pelo teste de Tukey a 5 % de probabilidade. Nos primeiros 30 dias, foram observadas cloroses foliares nas plantas do T1, que progrediram para necroses marginais e apicais. No fim do experimento, as folhas estavam parcialmente necrosadas e encarquilhadas. Não houve detecção de acúmulo do metal em T1 e a morte celular foi confirmada pelo teste com Azul de Evans, o que esteve relacionado ao maior EE. Plantas do T2, durante os 30 primeiros dias, apresentaram os mesmos sintomas visualizados em T1. Entretanto, após a adição do Al, na solução, houve produção de novas folhas, sem cloroses, necroses ou encarquilhamento. O teste com Azul de Evans não detectou morte celular em T2, além disso a porcentagem de EE foi 50% menor em relação a T1. Os principais sítios de acúmulo do Al nas folhas foram a parede e o conteúdo celular das células do parênquimas paliçádico e esponjoso, incluindo cloroplastos, e do floema. Os resultados nos permitem afirmar que o Al atua como benéfico para o desenvolvimento foliar de C. aureum, uma vez que as plantas não se desenvolveram normalmente na sua ausência e após adição do elemento na solução houve produção de folhas novas e saudáveis, com menor porcentagem de EE e menor indicação de morte celular. |