Resumo |
A baixa qualidade espermática em humanos tem sido atribuída em parte à exposição onipresente aos contaminantes ambientais. Os metais pesados têm se destacado, entre os contaminantes ambientais, como prioridade nas investigações sobre o impacto na saúde reprodutiva masculina devido à alta frequência de exposição e ao alto grau de toxicidade desses elementos. Considerando que o epidídimo é o órgão responsável pela maturação e armazenamento dos espermatozoides, qualquer alteração fisiológica nesse órgão poderia levar a mudanças na qualidade desses espermatozoides. Assim, nós objetivamos avaliar se a exposição crônica à baixas doses dos principais metais pesados arsênio (na forma de arsenato (As+5) e arsenito (As+3)), cádmio (Cd), chumbo (Pb), cromo (Cr) e níquel (Ni) poderia afetar os marcadores de estresse oxidativo/nitrosativo do epidídimo de camundongos Swiss adultos. Utilizamos 42 camundongos Swiss adultos (80 dias) que foram distribuídos aleatoriamente em sete grupos experimentais (n=6/grupo): G1 recebeu NaOH 0,9% (controle); G2 recebeu 1,5mg/Kg As+5; G3 recebeu 1,5mg/Kg As+3; G4 recebeu 1,5mg/Kg Cd; G5 recebeu 1,5mg/Kg Pb; G6 recebeu 1,5mg/Kg Cr; e G7 recebeu 1,5mg/Kg Ni. O tratamento foi administrado semanalmente, por gavagem, durante 42 dias, totalizando 6 doses ao longo do período experimental. O protocolo experimental foi aprovado pelo Comitê de Ética em Uso Animal da Universidade Federal de Viçosa (CEUA/UFV - protocolo 07/2018). Imediatamente a eutanásia, os epidídimos foram coletados, dissecados, congelados em nitrogênio líquido e armazenados à -80ºC até o momento das análises. Nós mensuramos as atividades das enzimas antioxidantes catalase (CAT), superóxido dismutase (SOD) e glutationa S-Transferase (GST). Ainda, nós dosados os níveis de malondialdeído (MDA), proteína carbonilada (PCN) e óxido nítrico (NO). Os valores obtidos foram submetidos ao teste Shapiro-Wilk para verificar a normalidade e então analisados por ANOVA seguida de post-hoc Holm-Sidak (dados paramétricos) ou pelo teste de Kruskal-Wallis seguido pelo teste Dunn’s (dados não paramétricos). O valor-p foi considerado ≤0,05. Como resultados, a exposição crônica aos metais pesados não alterou significativamente as atividades das enzimas antioxidantes CAT, SOD e MDA nos epidídimos dos camundongos. Os níveis de MDA, PCN e NO também não foram afetados. Assim, concluímos que a exposição crônica à baixas doses dos metais pesados arsenato, arsenito, cádmio, chumbo, cromo e níquel não afeta os marcadores de estresse oxidativo/nitrosativo nos epidídimos de camundongos Swiss. Entretanto, o nosso estudo não exclui nenhum efeito tóxico desses metais pesados em outras dosagens e tempo de exposição, pois danos histofisiológicos no epidídimo têm sido amplamente reportados na literatura. |