Resumo |
Nos alimentos, existem diversos fatores capazes de inibir o crescimento microbiano, como, pH, atividade de água, temperatura, disponibilidade de oxigênio e conservantes. No requeijão, a inibição ocorre principalmente pela presença de aditivos e a aplicação de tratamento térmico durante a sua elaboração. Industrialmente, existe um sal fundente denominado JOHA® HBS (ICL Food Specialties, Alemanha), o qual é aplicado na fabricação de requeijão e comercializado com o viés emulsificante e antimicrobiano. Diante disso, esse trabalho teve como objetivo quantificar in vitro a atividade inibitória do HBS frente Bacillus spp., avaliar a interferência do pH e comparar o perfil de inibição em relação a nisina. B. subtilis ATCC 19659, B. cereus INV 10(3) e B. thuringiensis CFBP 3476 foram ativados em caldo de infusão cérebro coração (BHI) e incubados a 30 ºC por 24 horas. Em paralelo, ágar nutriente foi preparado conforme as instruções do fabricante e adicionou-se diferentes concentrações de HBS (T1: 0,2; T2: 0,4; T3: 0.6; T4: 0.8; T5: 1; T6: 1.5; T7: 2; e T8: 3% m/m), nisina (T9: 12,5 mg/kg) e controle (TC: sem adição de HBS ou nisina); e um tratamento térmico de 85 °C por 15 minutos similar a fabricação de requeijão foi aplicado. Para os tratamentos com ajuste de pH, após a adição dos sais, o pH do ágar foi ajustado para 6,3 com NaOH 1M. Após o preparo dos tratamentos, a concentração celular das cepas de Bacillus spp. foi padronizada para a 3 × 106 UFC/mL e 20 μL da diluição apropriada foi gotejada no ágar respectivo a cada tratamento. As placas foram incubadas a 30 ºC e a contagem de células viáveis determinada após 24 horas. Água estéril foi utilizada como controle negativo e o ensaio realizado em triplicata e em três repetições independentes. Como resultados, o pH dos tratamentos antes do ajuste foi de: T1: 6,05; T2: 5,51; T3: 5,49; T4: 5,26; T5: 5,18; T6: 4,87; T7: 4,53; T8: 4,04; T9: 6,68; e TC: 6,67. A cepa de B. subtilis, mostrou o mesmo perfil inibitório em ambas as condições testadas (com e sem ajuste do pH), sendo inibida na presença de 0,6% de HBS. Para B. cereus e B. thuringiensis, os tratamentos com pH ajustado para 6,3 apresentaram menor inibição, sendo inibidos com 1,5% e 0,8% de HBS, respectivamente. Sem o ajuste, a inibição de B. cereus ocorreu com 0,2% e 0,4% para B. thuringiensis. No requeijão, o pH é importante pois pode afetar a configuração das proteínas, a solubilidade e a extensão em que os sais emulsificantes se ligam ao Ca2+. Mesmo com a máxima concentração permitida pela legislação a nisina não apresentou nenhuma inibição frente as cepas. Com isso, pode-se concluir que os tratamentos sem ajuste de pH apresentaram maior nível de inibição e foi possível verificar que o HBS apresentou maior atividade inibitória em relação a nisina. Por fim, essa é uma etapa inicial que permitirá estudos na aplicação de sais fundentes em requeijão para aumentar a vida útil e se tornar um aditivo indispensável para a indústria de laticínios. |