Outros membros |
Erica Garcia Mafort, ERNANI PAULINO DO LAGO, Felipe Sperandio de Mattos, Fernanda Rolla de Oliveira Lara, Giulia Ornellas Fuzaro Scaléa, JOSE DANTAS RIBEIRO FILHO, Raffaella Bertoni Cavalcanti Teixeira, Ytalo Galinari Henriques Schuartz |
Resumo |
A indigestão vagal é resultante de lesão, compressão ou inflamação total ou parcial do nervo vago e leva à disfunção intestinal nos ruminantes. O tronco vagal ventral inerva retículo, omaso e abomaso, enquanto o ramo dorsal inerva o rúmen e demais segmentos na porção dorsal. O objetivo do presente trabalho é relatar o caso de um mini-bovino jovem, fêmea, não gestante e sem doenças anteriores, atendido no Hospital Veterinário de Grandes Animais da Universidade Federal de Viçosa, que passou por procedimento cirúrgico para colocação de cânula adaptada. Na chegada ao hospital, o proprietário revelou que a alimentação com silagem havia sido introduzida na propriedade, sendo fornecida no cocho e à vontade, há uma semana. Nesse período, foi observado que o animal estava timpânico, e administrado Sedacol, Mercepton e Purgante Salino. Como não houve melhora, o animal foi levado para atendimento veterinário. Ao exame físico, observou-se que o paciente estava com dor intensa, distensão bilateral e abdômen com formato de “maçã-pêra”. Imediatamente, foi realizada sondagem ororrumenal para eliminação do gás e alívio da dor. Foi instituído o tratamento com: Florfenicol (20mg/kg IM) 3 aplicações, com intervalo de 48 horas entre cada aplicação; dexametasona (10mg/IV) durante 2 dias. O animal apresentava desidratação moderada e, por essa razão, foi oferecida ao animal uma solução de hidratação enteral neutra contendo 5g/L NaCl, 0,5g/L KCl, 1g/L acetato de cálcio e 10g/L de maltodextrina. A solução foi colocada em balde para ingestão espontânea, havendo melhora significativa do grau de desidratação. Após sondagem, o animal apresentava melhora no quadro geral de dor e redução do perímetro abdominal, entretanto, diante dos episódios recorrentes de timpanismo e da suspeita de indigestão vagal, observou-se a necessidade de fazer a correção cirúrgica com rumenostomia com aplicação de cânula permanente, feita com material em PVC. O rúmen foi completamente esvaziado, lavado e, posteriormente, preenchido com capim. Foi retirado um caroço de manga durante o procedimento. No pós-operatório foi instituído tratamento com Ceftiofur (2,2 mg/kg) durante 7 dias; Gentamicina (6,6 mg/kg) durante 7 dias; Flunexin meglumine (2,2 mg/kg), durante 5 dias. Houve redução do pH do líquido ruminal e, então, realizou-se transfaunação. Foram coletados, de uma vaca já fistulada, adulta, hígida, 10 litros de líquido ruminal, que foram colocados pela fístula do paciente, em duas etapas, havendo melhora significativa no pH ruminal. O animal recebeu alta com a fístula permanente, recomendando-se a abertura da fístula, sempre que o animal mostrar-se timpânico. Recomendou-se, ainda, que a fístula e tecidos ao redor sejam mantidos sempre limpos e fornecimento de silagem, capim ou pasto de qualidade; água limpa e à vontade e sal mineral para bovinos à vontade. Mini-bovinos têm predisposição ao timpanismo crônico, seja por causas genéticas ou por sua conformação condrodistrófica. |