Resumo |
Em 2018, por meio da lei estadual nº. 23.207, instaura-se o território da Zona da Mata mineira como Polo Agroecológico e de Produção Orgânica, fruto do trabalho de organizações, instituições, movimentos sociais, agricultores familiares e outros sujeitos durante anos de luta pela valorização da agricultura familiar e da agroecologia. A partir deste, as ações governamentais aplicadas no território deverão seguir os princípios de: segurança e soberania alimentar, participação e protagonismo social, desenvolvimento sustentável, preservação ambiental com inclusão social, e da diversidade agrícola, biológica, territorial, paisagística e cultural. Instaurado o Polo, foi observada a necessidade de fortalecimento deste. A Cartografia Social é uma ferramenta importante no processo de fortalecimento das comunidades onde é realizada, pois ao materializar aspectos da cultura local, invisibilidades na cartografia tradicional, essas populações passam a se (re)conhecer, elevando suas múltiplas identidades ao verem representados no mapa o produto de seu trabalho cotidiano, sua diversidade produtiva e aspectos da sociobiodiversidade presentes em seus territórios. Sendo assim, o objetivo deste projeto é fortalecer o Polo, através da Cartografia Social como parte da reafirmação de identidade política interna, como instrumento de visibilidade externa e tomada de consciência dos desafios, denúncias e anúncios que só a práxis transformadora é capaz de oferecer. Até julho de 2021, devido a pandemia COVID-19, realizou-se uma apresentação sobre a Cartografia Social e dois Espaço de Diálogos e Práticas, em formato remoto, com parte do público-alvo deste projeto, sendo estas representantes de instituições de ensino, organizações e cooperativas da agricultura familiar e da agroecologia, instituições do terceiro setor, pesquisadores e extensionistas que se dedicam à agroecologia. Os dois primeiros EDP’s foram dedicados ao diálogo para buscar um entendimento em comum acerca do que é e quem forma o Polo, onde estão seus objetos, ações e significados, assim como quais são os conflitos e desafios que o ameaçam. A partir destes foi possível orientar o trabalho para a produção de um atlas com quatro abordagens de caracterização do Polo: terra, território, ancestralidade e cultura popular; sujeitos e agroecologia em movimento; território, produção e reprodução; e território corporativo de exclusão. Através do trabalho já desenvolvido, foi possível identificar as possíveis abordagens de caracterização e sistematização do Polo e oportunizar reflexão e discussão acerca de políticas importantes para o fortalecimento interno. A articulação interna provocada por este trabalho até o momento é significativa por possibilitar diferentes trocas que se desdobram em outras ações de fortalecimento do Polo, com possíveis impactos políticos, afinal traz à tona o auto reconhecimento não como sujeitos individuais, mas sim como sujeitos coletivos responsáveis e conscientes de seu território. |