Resumo |
Taxas de infertilidade humana têm aumentado em todo o mundo, afetando de 8 a 12% dos casais. Aproximadamente metade desses casos são atribuídos a fatores masculinos, que acometem um em cada 20 homens na faixa etária reprodutiva.Estudos recentes sugerem que o estresse oxidativo seja um dos principais mecanismos da infertilidade. Embora radicais livres sejam produzidos em concentrações basais e sejam essenciais para a fisiologia do espermatozoide, sua produção excessiva pode causar danos aos espermatozoides, inativando o sistema de enzimas antioxidantes. Nesse contexto, o uso de antioxidantes no tratamento de doenças relacionadas a danos reprodutivos tem sido uma das estratégias para melhorar a fertilidade masculina. Recentemente, o eugenol se tornou um composto de interesse por causa de suas propriedades antioxidantes e seu potencial farmacológico no tratamento e prevenção de doenças crônicas, como câncer, diabetes e reações inflamatórias. Portanto, o presente estudo teve como objetivo avaliar os efeitos do eugenol sobre a motilidade e a morfologia de espermatozoides de ratos Wistar tratados por 60 dias com o composto. Para isto, 20 animais com 70 dias de idade (200–250 g) foram divididos em dois grupos (n = 10 animais/grupo). Diariamente, o grupo tratamento recebeu eugenol (Sigma Aldrich) na dose de 40 mg/kg de peso corporal via gavagem. Os animais do grupo controle receberam uma solução a 2% de Tween 20 em água destilada como veículo (CEUA 025/2019). Após 60 dias de tratamento, os animais foram eutanasiados e os epidídimos removidos e dissecados. Sobre uma placa de petri aquecida, a cauda do epidídimo foi colocada em meio BWW para permitir a liberação dos espermatozoides. A motilidade espermática foi examinada em microscópio de contraste de fase em um aumento de 400x, sendo os espermatozoides classificados como móveis ou imóveis. Além disso, a morfologia dos espermatozoides foi avaliada em células fixadas com formaldeído a 4%. O percentual de espermatozoides normais e com anormalidades morfológicas na cabeça, peça intermediária e cauda foi quantificado avaliando-se 200 células. Os resultados foram submetidos ao Teste t de Student (P = 0,05) e expressos como média e desvio padrão da média. A motilidade espermática dos espermatozoides de animais tratados com eugenol (52,80 ± 7,3%) diminuiu em relação aos animais do grupo controle (81,80 ± 5,8%; p < 0,05). Além disso, a porcentagem de espermatozoides com morfologia normal encontrados em animais tratados com eugenol (79,40 ± 5,1%) foi significativamente menor do que em animais controle (89,20 ± 2,5%) (p < 0,05). Portanto, o presente estudo mostrou que o tratamento com eugenol, na concentração de 40 mg/kg, tem efeitos negativos sobre a motilidade e morfologia espermática. |