Resumo |
O arranjo das florestas nativas é influenciado por diferentes fatores ambientais. Pressões antropogênicas podem ocasionar variações na composição e estrutura, promovendo distúrbios que podem comprometer a capacidade de regeneração e perpetuação da floresta. A avaliação das características estruturais contribui para compreensão da dinâmica florestal e sua relação com eventos antrópicos e climáticos. O objetivo deste trabalho foi caracterizar a estrutura florestal dos fragmentos em diferentes estágios sucessionais na região da Zona da Mata, Viçosa, MG. O estudo foi realizado nos fragmentos florestais pertencentes à Universidade Federal de Viçosa (UFV) campus Sede. A área de floresta nativa é de 861,66 ha, correspondentes a fragmentos de extensão variável compostos por vegetação de Mata Atlântica classificada como Floresta Estacional Semidecidual Montana, em estágios sucessionais heterogêneos provenientes de diferentes atividades antrópicas de uso do solo. Segundo a classificação de Köppen o clima da região é do tipo Cwb, com verões quentes e chuvosos e invernos frios e secos. As áreas florestais foram estratificadas em três níveis de sucessão secundária: i) inicial (E1), ii) intermediário (E2), e iii) avançado (E3). Em cada estrato foram estabelecidas aleatoriamente 10 parcelas com dimensões 20x50 m (0,1 ha). Os indivíduos arbóreo-arbustivos e palmeiras vivos com Diâmetro a Altura do Peito (DAP) ≥ 5 cm foram inventariados. A altura total (Ht) foi obtida com um hipsômetro digital Vertex IV. Foram inventariados 4.114 indivíduos, que totalizaram 4.579 fustes. O número de indivíduos (NI) em E1, E2 e E3 foi de 1.252, 1.515 e 1.347, respectivamente. Já o número de fustes (NF) foi de 1.428, 1.664, 1.487. O E1 obteve a maioria do NI (36,83%) e do NF (36,34%). Para DAP os valores foram 11,33, 10,68 e 12,91 cm nos estratos E1, E2 e E3, respectivamente. A Ht média foi de 9,74 (E1), 9,55 (E2) e 11,98 m (E3). A área basal (AB) em cada estrato foi de 16,99, 20,97 e 30,10 m2 ha-1 para E1, E2 e E3. O maior valor das médias de DAP e Ht para o E1 pode ser atribuída às diferentes feições florestais admitidas como formações iniciais, as quais variaram de capoeiras de pequeno porte até pastagens abandonadas e com indivíduos de grande porte esparsamente distribuídos. A distribuição diamétrica apresentou o padrão em J-invertido em todos os estratos. A classe de 5 a 10 cm correspondeu a 59,42, 61,99 e 55,83% dos indivíduos do E1, E2 e E3, respectivamente. E2 obteve maior densidade de indivíduos nas duas primeiras classes (5 a 15 cm), sendo superado por E3 nas classes seguintes. Os fragmentos apresentam desenvolvimento sucessional e estrutura florestal adequados, e equilibrados, atestados pela distribuição diamétrica em J-invertido e o incremento em DAP, Ht e AB durante o amadurecimento da vegetação. |