Resumo |
As microalgas são microrganismos com potencial biotecnológico, pois permitem a obtenção de diferentes produtos de valor agregado, como a produção de biomassa para extração de pigmentos. No entanto, o cultivo de microalga em meio sintético pode apresentar altos custos. Para contornar esse obstáculo é sugerido o cultivo em águas residuárias. O esgoto doméstico (ED), efluente da indústria de celulose (EIC) e a água residuária da suinocultura (ARS) podem ser empregados no cultivo das microalgas e obtenção de biomassa de forma econômica. Contudo, as informações sobre a produção de pigmentos de microalgas quando cultivadas nesses efluentes são escassas. Assim, o objetivo deste estudo foi comparar a produção de carotenóides, clorofila-a e clorofila-b por microalgas cultivadas em ED, EIC e ARS. O ED foi obtido na rede coletora da cidade de Viçosa e pré tratado em digestor anaeróbio de bancada. A ARS foi coletada na Unidade de Ensino Pesquisa e Extensão em Suinocultura da UFV, após o tratamento em digestor anaeróbio e lagoa aerada. O EIC é proveniente de fábrica de celulose branqueada de eucalipto e foi coletado após tratamento secundário por lodos ativados. Os efluentes foram filtrados em membrana de 1,2 µm e 200 mL foram transferidos para frascos transparentes juntamente com 50 mL de inóculo. Os frascos foram mantidos em incubadora a 25°C, iluminação constante de 2000 lux e agitação manual uma vez ao dia. As concentrações de carotenóides e clorofilas foram monitoradas periodicamente com a centrifugação de 4 mL de amostra, seguido de extração com metanol e leituras em espectrofotômetro. Cada efluente foi avaliado em triplicata e as máximas concentrações de carotenóides e clorofilas obtidas foram submetidas à análise de variância e teste de Tukey ao nível de 5%. Os resultados demonstraram que as microalgas cultivadas em ED e EDC apresentaram uma concentração de clorofila-a de 4,16 e 3,57 mg/L respectivamente, e clorofila-b de 5,87 e 4,93 µg/mL, sendo significativamente maior se comparado com a ARS (1,65 mg/L e 2,11 µg/mL). Quanto aos carotenóides, o ED conferiu o melhor desempenho e proporcionou uma concentração de até 6,17 µg/mL, cerca de 1,4x maior se comparado com a ARS e EDC. Além disso, utilizando o ED as máximas concentrações de carotenóides e clorofilas foram alcançadas em até 8 dias de cultivo, enquanto no EIC foram necessários até 14 dias. A ARS e EIC foram coletadas após tratamento secundário, o que pode ter reduzido os teores de nutrientes nesses efluentes. Já o ED foi parcialmente tratado antes da utilização como meio de cultivo e possivelmente apresentou maior concentração de nutrientes para suportar o crescimento algal, o que contribuiu para a obtenção dos melhores resultados com esse efluente. Este estudo contribui com ações que visam o desenvolvimento sustentável, pois demonstrou que o ED pode ser aplicado em rotas biotecnológicas que resultam na obtenção de produtos com valor comercial. |