Resumo |
Os espaços de trabalho compartilhados, coworkings, surgiram no final da década de 1990 como resposta adaptativa dos espaços físicos de trabalho às modificações impostas pela Era Informacional. Sobretudo durante a pandemia de Covid-19, observa-se a consolidação deste modelo espacial, inicialmente associado às pequenas empresas e startups, e sua afirmação como promessa de futuro no ambiente corporativo. A Universidade Federal de Viçosa (UFV), reconhecida como uma das 10 universidades mais empreendedoras no Brasil segundo o Ranking das Universidades Empreendedoras (RUE), caracteriza-se pela expressividade do seu Movimento de Empresas Juniores (MEJ). Em 2019, alcançando a 9ª posição no RUE, a UFV foi contemplada pelo Ministério da Educação com recurso financeiro para ser investido na educação empreendedora. Parte desses recursos foram destinados à elaboração e execução de projetos de coworking para usufruto das 44 empresas juniores (EJs) vinculadas aos seus três campi, após decisão da Central de Empresas Juniores (CEMP). Os projetos foram elaborados entre 2020 e 2021 por empresa terceirizada e revisados/detalhados por estagiários do curso de Arquitetura no Parque Tecnológico de Viçosa (tecnoPARQ). Em julho de 2021, foram entregues para execução quatro projetos: 1. na sede do tecnoPARQ, com área de 46,10m² e capacidade para 16 pessoas; 2. no campus de Florestal, com área de 75,00m² e capacidade para 32 pessoas; 3. no campus de Rio Paranaíba, com área de 128,00m² e capacidade para 40 pessoas; e 4. no campus de Viçosa, no imóvel conhecido como “casa verde”, com área de 105,80m² e capacidade para 35 pessoas. Considerando que estes espaços demandam mobiliários e equipamentos adequados, a grande maioria dos móveis foi desenvolvida no processo de projeto, de modo a atender as necessidades do uso esperado e diante das possibilidades dos espaços disponíveis. Defende-se que as características dos espaços de coworking são compatíveis com a dinâmica e cultura organizacional das EJs e que a sua materialização pode ser um fator que potencializará os resultados de seus projetos e negócios, uma vez que aproximará empresários juniores de áreas distintas de atuação, facilitando o compartilhamento de soluções, ferramentas e metodologias, e estimulando a colaboração e o desenvolvimento de novas ideias. Além disso, diante da consolidação desses espaços no ambiente corporativo, a sua implantação na universidade promoverá a aproximação dos estudantes às dinâmicas do mercado, aspecto que se configura como uma das razões de ser das empresas juniores. Este trabalho, portanto, pretende analisar criticamente os projetos que foram desenvolvidos, a partir de parâmetros projetuais de espaços de coworking levantados em literatura e de estudos de caso no cenário brasileiro. À vista disso, espera-se que as hipóteses aqui colocadas sejam investigadas futuramente, mediante estudos de pós-ocupação e análise da dinâmica de trabalho das EJs que se apropriarão efetivamente destes espaços. |