Resumo |
As emulsões são sistemas nos quais uma fase está totalmente dispersa em outra, imiscível à essa primeira. Existem vários tipos de emulsões e elas podem ser classificadas de acordo com sua própria natureza, variando em relação à quantidade e ordem das fases (se é água em óleo, ou óleo em água, por exemplo), e ao tamanho das partículas. As emulsões são muito empregadas em diversos setores da indústria, como no setor alimentício, em cosméticos e outros produtos farmacêuticos, e na agricultura. As emulsões podem ser simples ou múltiplas de acordo com o número de fases, sendo que um dos tipos mais comuns é a emulsão óleo em água, que consiste em uma fase oleosa dispersa, sob a forma de gotículas, em uma fase aquosa contínua. Visto que emulsões são sistemas termodinamicamente instáveis, para estabilizá-los é comum o uso de surfactantes, que são compostos tensoativos capazes de reduzir a tensão superficial do meio devido ao seu caráter anfifílico. Porém, com o intuito de diminuir a instabilidade dessas emulsões, utilizam-se surfactantes comumente de natureza sintética que são, majoritariamente, derivados de petróleo e, por essa razão, apresentam toxicidade elevada para os seres vivos, e por si só podem estar relacionados ao desencadeamento dos efeitos adversos quando utilizados em produtos. Além disso, possuem baixa biodegradabilidade, causando problemas ambientais a curto e longo prazo. Sendo assim, os biossurfactantes se apresentam como alternativa aos surfactantes já existentes, pois apresentam baixa toxicidade, são produzidos a partir de fontes renováveis e possuem maior degradabilidade. Como forma de tentar minimizar esses problemas, nesse trabalho buscou-se empregar em emulsões um biossurfactante proteico desenvolvido previamente por nossa equipe. Primeiramente, obteve-se quantidades suficientes do biossurfactante a ser utilizado nas formulações por rota biotecnológica, prosseguindo com a purificação por cromatografia acoplada a equipamento FPLC. A confirmação e análise da qualidade da purificação foram feitas através de SDS-PAGE. Foram realizados testes para emulsões com óleos em diferentes concentrações. Os resultados obtidos foram comparados com o modo de ação de um surfactante químico comumente empregado em formulações do tipo. Em todos os casos, o emprego do biossurfactante em estudo demonstrou possuir ação surfactante, melhorando o aspecto de uniformidade das emulsões. Concluiu-se, então, que essa proteína possui capacidade de agir como surfactante em um sistema baseado em óleo em água. |