Resumo |
O cultivo in vitro de anteras consiste em uma ferramenta biotecnológica relevante em programas de melhoramento genético de espécies agronômicas devido a possibilidade de regenerar embriões haploides e recuperar plantas diploides homozigotas. Em Passiflora, estudos recentes evidenciaram o potencial morfogenético de anteras para a regeneração de espécies silvestres quando cultivadas in vitro em meio rico em auxina. Para P. edulis Sims, principal espécie comercial do gênero, informações quanto ao potencial morfogenético de anteras e micrósporos ainda são incipientes. O presente estudo objetivou avaliar a resposta morfogênica de anteras e micrósporos de P. edulis cultivadas in vitro em meio de cultura suplementado com diferentes concentrações de ácido diclorofenoxiacético (2,4-D). Anteras e micrósporos de P. edulis foram coletados de botões florais que apresentavam entre 15 e 20 mm de comprimento, desinfestados com hipoclorito de sódio (1%) e cultivados em placas de Petri contendo 30 ml de meio de cultura composto por sais básicos Murashige e Skoog (MS), 100 mg.L-1 de Myo-inositol, 30 g.L-1 de sacarose, 10 ml.L-1 de vitamina B5 e 2,5 g.L-1 de Phytagel. O meio de cultura foi suplementado com 4,5 µM de 6-benzilaminopurina e diferentes concentrações de 2,4-D (9, 18,1, 36,2, 72,4 e 144,8 µM). No tratamento controle não foi adicionado reguladores de crescimento. O experimento foi montado em delineamento inteiramente casualizado, com cinco repetições para cada tratamento. A resposta dos explantas aos diferentes tratamentos foi avaliada após 30 dias de cultivo. Nas anteras, a resposta foi avaliada em anteras não injuriadas e injuriadas, sendo que nesta última, pequenas estrias foram feitas ao longo da antera com auxílio de um bisturi. Calogênese foi observada em todos os tratamentos de cultivo de anteras, à exceção do tratamento controle, indicando que o 2,4-D foi essencial para obtenção de respostas morfogênicas nas anteras de P. edulis. Na maior concentração de 2,4-D avaliada (144 µM), apenas uma antera injuriada apresentou calogênese, com massa substancialmente menor que a massa de calos formados nas anteras não injuriadas, o que indica que doses superiores a 72,4 µM de 2,4-D podem ser prejudiciais para a indução de eventos morfogênicos neste tipo de explante. De maneira geral, os calos apresentaram coloração amarronzada e aspecto friável, não sendo observado diferenças estruturais entre os tratamentos. Interessantemente, a formação das massas calogênicas iniciou, predominantemente, no filete das anteras. Entretanto, com o passar o tempo, calos foram formados também em outras regiões das anteras tanto injuriadas, como não injuriadas. Nenhuma resposta aos tratamentos com 2,4-D foi observada no cultivo dos micrósporos. Apesar dos resultados satisfatórios obtidos, novas análises são necessárias a fim de estabelecer sistemas de regeneração, via embriogênese somática, a partir de anteras e micrósporos dessa importante espécie de maracujazeiro. |