"A Transversalidade da Ciência, Tecnologia e Inovações para o Planeta"

5 a 7 de outubro de 2021

Trabalho 15511

ISSN 2237-9045
Instituição Universidade Federal de Viçosa
Nível Pós-graduação
Modalidade Pesquisa
Área de conhecimento Ciências Humanas e Sociais
Área temática Letras
Setor Departamento de Letras
Bolsa CAPES
Conclusão de bolsa Não
Apoio financeiro CAPES
Primeiro autor André Luiz Godinho Aguiar
Orientador ANGELO ADRIANO FARIA DE ASSIS
Título Permanências do Naturalismo e sentido de Brasil nas paisagens de Ana Paula Maia
Resumo A tradição literária Naturalista é derivada do movimento Realista — ambos como formas de superar as caracterizações mitificadas da arte da época (natureza como refúgio, o amor como fatalidade, a mulher como musa, o herói como prometeu, a nação como tradição). Acreditando no pensamento Determinista — a certeza subjacente de um destino irreversível para cada pessoa, de acordo com seu meio, raça, temperamento, classe social —, havia grande preocupação pela descrição das paisagens onde a história acontecia, mostrando a relação entre cenário e personagem, um como o reflexo do outro.

Aluisio Azevedo, Adolfo Caminha e outros autores das últimas décadas do século XIX, então, acercaram-se impessoalmente dos objetos, influenciados pelo método científico, eliminando contaminações subjetivas. Suas narrativas caracterizavam ambientes e pessoas com o objetivo de retratar de forma documental sua época, assemelhando a literatura à fotografia e sua ideia de “revelação literal”, que estava no imaginário da população e nos padrões estéticos do século. Dessa forma, a imagem poética passou a ser absorvida e fixada enquanto certeza e autenticidade, mesmo que, não raras vezes, acarretasse em uma deformação da imagem do “outro” a partir do medo, do preconceito e do sentimento de superioridade da classe dominante. Ou seja, o Naturalismo participa de estereótipos ao mesmo tempo que é lido como uma manutenção da identidade do Brasil, uma segunda natureza da cultura e sua constituição como nação.

Jamais superado, o Naturalismo se tornou uma fantasmagoria em nossa história, um espectro estético recorrente, presente em diversas épocas. Nos últimos anos, a escritora brasileira Ana Paula Maia, autora de nove romances e novelas e um livro de contos, passou a adotar o que chama de "tom naturalista" em suas obras, cujos personagens principais são sempre homens insensibilizados por jornadas de trabalho exasperantes, moradias indignas e poucas possibilidades de mudança social. Sua produção também se pauta pela fragilização dos limites entre a cultura de elite e a estética de massa e seu Naturalismo também não tem especificações que situem seus personagens em um local certo, tratando o território brasileiro à sua maneira.

Se o Naturalismo tornou-se uma versão quase oficial da nossa identidade, nos interessa saber qual sentido de Brasil se impõe diante da produção de Ana Paula Maia. Mesmo que ela borre as fronteiras entre o real e o imaginário, é relevante perceber como suas novelas retratam aspectos sociais que podem ser entendidos enquanto Documentalismo. Assim, o trabalho demonstra como seus cenários desertos de aspecto rural, a frequência de imagens relacionadas a poluição e devastação do meio ambiente e objetos comuns do capitalismo avançado, como grandes fábricas, pedreiras e minas, são formas de perceber literariamente a violência, o embrutecimento, a desigualdade, a falta de Estado e infraestrutura e a indiferença do espaço urbano marginal.
Palavras-chave Ana Paula Maia, Naturalismo, Literatura contemporânea
Forma de apresentação..... Vídeo
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