Resumo |
Os fragmentos florestais de Mata Atlântica têm sofrido com os impactos das mudanças climáticas nos últimos anos. A consequência direta desses impactos é o aumento da mortalidade de árvores e acúmulo de carbono na necromassa, sobretudo nos resíduos lenhosos grosseiros (CWDs). No entanto, esse acúmulo de carbono na necromassa pode variar no espaço e no tempo, havendo a necessidade da realização de inventários contínuos de CWDs para captar essas variações. Assim, o objetivo deste estudo foi avaliar a dinâmica de carbono dos CWDs em uma Floresta Estacional Semidecidual, no município de Viçosa, Minas Gerais. O estudo foi conduzido em um fragmento florestal de Mata Atlântica em estágio médio de regeneração com 17 ha de área. O inventário da necromassa foi realizado em 10 parcelas permanentes de 1000 m² (20 m x 50 m), no segundo semestre de 2017, 2018, 2019 e 2020. Todos os galhos, tocos e árvores caídas com diâmetro superior a 5 cm foram identificados e classificados em 4 classes de decomposição, sendo que a classe 1 representa os indivíduos menos decompostos e a classe 4 os indivíduos mais decompostos. O diâmetro das extremidades (em cm) e o comprimento (em m) de todos os indivíduos foram mensurados com auxílio de uma suta e de uma fita métrica para determinação do volume pelo método de Smalian. A densidade aparente e o teor de carbono dos CWDs, de cada classe de decomposição, foram determinados para a quantificação da necromassa e do estoque de carbono, respectivamente. O incremento em carbono foi calculado pela diferença do estoque de carbono em anos subsequentes. Em termos de estoque de carbono, foi observado um aumento gradual ao longo dos anos de estudo, sendo que em 2017 o estoque de carbono foi de 7,61 MgC.ha-1, para 12,25 MgC.ha-1 em 2020. O incremento em carbono no período de 2017-2018 foi de 1,09 MgC.ha-1, enquanto no período de 2018-2019 foi de 0,73 MgC.ha-1 e no período de 2019-2020 de 2,82 MgC.ha-1. No período de 2017-2018, a classe 3 de decomposição teve maior incremento em carbono em relação as demais classes (3,75 MgC.ha-1). Entretanto, no período de 2018-2019 e 2019-2020 a classe de decomposição que obteve maior incremento em carbono foi a 2, com 1,21 MgC.ha-1 e 4,00 MgC.ha-1, respectivamente. Em relação as parcelas, no período 2017-2018 a parcela com maior incremento em carbono foi a 5 (0,63 MgC.ha-1), enquanto no período de 2018-2019 foi a parcela 2 (0,37 MgC.ha-1) e no período de 2019-2020 foi a parcela 8 (1,25 MgC.ha-1). Portanto, foi possível observar que ao longo dos anos a necromassa presente neste fragmento teve um aumento no seu estoque de carbono, porém variando entre os anos de medição e parcelas de mensuração. Evidenciando a importância da necromassa no ciclo de carbono dos ecossistemas florestais e também dos inventários florestais contínuos para a captação das mudanças ocorridas. |