Resumo |
O beneficiamento do café gera uma quantidade significativa de resíduos agroindustriais que podem ser usados para o desenvolvimento de produtos com valor agregado. O objetivo deste trabalho foi produzir um bioplástico com atividade antioxidante para ser usado como embalagem alimentícia. Dois polímeros foram testados, a saber celulose microcristalina (CMC) e acetato de celulose. Para a solubilização da CMC (Avicel PH-101) testaram-se soluções a base de NaOH e uréia, MgCl2.6H2O, FeCl3.6H2O e ZnCl2. A qualidade do bioplástico foi averiguada por microscopia de varredura. Para a produção de um bioplástico ativo, um extrato com atividade antioxidante produzido a partir de café boia foi incorporado à solução contendo CMC. Alternativamente, 2, 4 ou 6 mg/mL extrato foram aplicados na superfície do bioplástico polimerizado. Para o bioplástico de acetato de celulose, o extrato foi adicionado no momento de síntese do plástico. A atividade antioxidante foi avaliada pelo método de captura do radical livre DPPH. Apenas o cloreto de zinco 68% (m/m) foi capaz de solubilizar a CMC, justificando sua escolha para a síntese de novos bioplásticos. Os bioplásticos produzidos com os dois polímeros se mostraram homogêneos e sem rupturas ou falhas. A incorporação do extrato de café durante a síntese do bioplástico de CMC não resultou em liberação dos compostos bioativos. Porém, observou-se que o bioplástico manteve a propriedade antioxidante após 96 h quando o extrato foi adicionado após a polimerização. A capacidade de liberação do composto antioxidante do filme de acetato de celulose foi inferior ao produzido com CMC. Observou-se também que esse bioplástico perdeu a transparência após a adição do extrato bioativo. Por essas razões, optou-se por avaliar a biodegradação apenas do bioplástico de CMC. Para isso, os plásticos foram cortados nas dimensões de 2x2 cm, aferida a massa e enterrados em solo por 30, 60 e 90 dias. Para fins comparativos, o mesmo foi realizado com papel, garrafa pet e sacola oxibiodegradável. Após o primeiro mês, os plásticos foram retirados do solo, lavados com água por 5 minutos, secos, a massa foi mensurada e a microscopia eletrônica de varredura foi realizada para avaliar a degradação. Embora não tenha sido observada diferença em relação ao tempo zero, novas avaliações serão realizadas aos 60 e 90 dias. Espera-se obter bioplásticos que possam ser aplicados na produção de embalagens ativas e biodegradáveis para a conservação de alimentos usando resíduos do setor cafeeiro. |