Resumo |
Paralelo ao cenário de retração econômica e crescimento do número de desempregados em virtude da crise a afetar parte da população brasileira após o ano de 2015, houve a consolidação das chamadas plataformas digitais e a expansão de empresas adeptas à modalidade de uberização, que são capazes de unir de modo eficiente demanda e oferta, uma vez que são responsáveis pela intermediação entre estabelecimentos comerciais, a mão de obra – representada pelos entregadores – e o consumidor final. O presente trabalho teve como objetivo compreender quais os principais elementos evidenciam a precarização do serviço dos entregadores de aplicativo no segmento de alimentos. Metodologicamente, trata-se de pesquisa de abordagem qualitativa, a partir da realização de entrevistas com 16 entregadores de aplicativo na cidade de Juiz de Fora – MG. Os enunciados dos trabalhadores foram examinados com base na análise do discurso e nas dimensões da precarização definidas por Franco, Druck e Silva (2009), sendo elas: perdas salariais, dos direitos e dos benefícios; intensificação do ritmo de trabalho; precarização da saúde psicofísica dos trabalhadores; fragilização do reconhecimento social e binômio terceirização-precarização. As análises possibilitaram evidenciar: a ausência de suporte e auxílio das plataformas, o mau comportamento dos consumidores e como se dão as transferências dos custos e riscos para a mão de obra, tudo isso sob o discurso do empreendedorismo e da autogerência, sendo estes elementos responsáveis por danos à saúde física e mental, além de contribuir com a fragilização do reconhecimento social e individual dos trabalhadores. Com o estudo tem-se a intenção de incitar a reflexão da sociedade quanto aos desafios e dificuldades enfrentadas pelos trabalhadores durante a realização de entregas por aplicativos. Iniciativas e estratégias voltadas para garantias de melhores taxas, direitos e auxílio em relação aos custos presentes na ocupação se tornam essenciais para a maior satisfação, segurança e estabilidade dos trabalhadores imersos na ocupação, uma vez que podem contribuir com a redução dos riscos inerentes ao trabalho, como também com a minimização dos problemas psíquicos e físicos desses indivíduos. |