Resumo |
Os ambientes escolares são locais em potencial para o encontro da diversidade e produção de divergentes vivências. Inseridos neste meio, os estudantes diferenciam-se por inúmeros motivos, dentre os quais a orientação sexual. De modo igual a sociedade, as escolas produzem e reproduzem as expectativas de gênero ao legitimarem como referência a conformidade heterormativa sexo-gênero-sexualidade. Desta maneira, as vivências dos alunos que fogem as expectativas da heteronormatividade são permeadas por possíveis situações de vulnerabilidade, exclusão, preconceito, opressão e homofobia. Como recorte da dissertação de mestrado “A construção da homossexualidade nos espaços escolares: vivências e descobertas”, o objetivo deste trabalho é problematizar os conceitos teóricos utilizados nessa pesquisa. Como metodologia, para a construção do referencial teórico foi feito um estudo tendo como fonte pesquisadores e pesquisadoras da temática heteronormatividade, homofobia e seus desdobramentos na educação básica. Dentre esses/essas estão Guacira Louro, Daniel Borrillo, Roger Rios e Rogério Junqueira todos ancorados nos estudos de Michel Foucault sobre sexualidade. Como resultado, compreendemos que a heteronormatividade é o modo de pensar/agir que coloca a heterossexualidade como referência dos valores e princípios presentes nos aspectos sociais, como a Mídia, na Religião, no Estado, Educação, etc. e tem como consequência o heterossexismo, que é a hierarquia das sexualidades. A homofobia, em nosso entendimento derivada da heteronormatividade, é dividida em duas vertentes: a primeira como aversão fóbica, de dimensão pessoal, que apesar de fortemente irradiada, apresenta-se limitada; e a segunda vertente, intitulada de homofobia como heterossexismo, de dimensão cultural, desvinculando-se da ideia de medo/aversão e repercutindo na perda de direitos que atingem a todos que escapem as normas de gênero e a heteronormatividade. Os ambientes escolares são instituições disciplinares que promovem o assujeitamento dos estudantes por meio de técnicas de adestramento nomeadas de olhar hierárquico, sanção normalizadora e exames. Deste modo, atuam em prol de garantir que os estudantes se conformem as expectativas sociais heteronormativas das localidades em que estão inseridos, reproduzindo valores, expectativas e regras em busca de “homens e mulheres de verdade”, produzindo assim homofobia. Essas ações são percebidas desde a educação infantil ao ensino médio no currículo escolar, nos livros didáticos, nos discursos dos funcionários e na invisibilidade proposital dos signos e pautas da homossexualidade. É de importância extrema que os ambientes escolares desenvolvam urgentemente estratégias que visem o acolhimento de estudantes LGBTQIA+ a fim de findar situações de violência e exclusão e eduquem a favor da diversidade. |