Resumo |
O melanoma é a neoplasia oral canina mais comum e possui caráter extremamente agressivo e metastático, com alto grau de invasão local. Os sinais clínicos correspondem à halitose, sangramento oral, disfagia e dor. Acredita-se que alguns fatores de risco como hiperpigmentação, doença periodontal e senilidade estão relacionados com o desenvolvimento dessa neoplasia. Dentre as opções de tratamento do melanoma estão a terapia cirúrgica, radioterapia, quimioterapia, hipertermia, eletrocirurgia e imunoterapia. A mandibulectomia e a maxilectomia devem ser efetuadas com margem de segurança, podendo ser realizada também a ressecção de linfonodos regionais. A recidiva ocorre frequentemente após a excisão cirúrgica, portanto, as terapias adjuvantes desempenham um papel fundamental no tratamento da neoplasia. Objetiva-se relatar o caso de uma paciente canina, fêmea, castrada, da raça Chow Chow, 11 anos de idade, diagnosticada com melanoma em região periodontal de dentes pré-molares esquerdos, após biopsia excisional. A paciente apresentou recidiva da neoplasia 15 dias após a biópsia, com crescimento acelerado, além de evidência de acometimento ósseo em radiografias de crânio, sendo submetida à hemimandibulectomia esquerda e linfadenectomia mandibular. Após o tratamento cirúrgico, o animal foi encaminhado para a quimioterapia e radioterapia. O exame histopatológico evidenciou melanoma com infiltração e lise óssea e, proliferação neoplásica acentuada em linfonodo mandibular. Exame tomográfico pré-radioterapia evidenciou acometimento infiltrativo reativo de linfonodo retrofaríngeo medial esquerdo, com 1,6 cm, espessura e contornos abaulados e irregulares, realce heterogêneo ao meio de contraste. A paciente foi submetida à radioterapia com seis frações, uma vez por semana. Durante o tratamento, apresentou mucosite jugal e alopecia. Após a segunda fração de radioterapia, a paciente foi submetida à tratamento quimioterápico com carboplatina a cada 21 dias, por 5 semanas. Melanomas orais respondem a radioterapias hipofracionadas em seres humanos e cães, sendo indicada para casos os quais a cirurgia não é possível, ou quando a ressecção cirúrgica é incompleta associada ou não a presença de metástases em linfonodos regionais, sem evidências de metástases distantes. A combinação entre quimioterapia e radioterapia melhoram a média de sobrevida dos pacientes. A paciente apresenta-se sem indícios de recidiva tumoral após um ano e meio de tratamento. Sendo assim, ressalta-se a importância das terapias adjuvantes associadas à excisão cirúrgica no tratamento do melanoma maligno oral em cães, visto que, além de aumentarem o tempo de sobrevida do paciente, evitam a recidiva da neoplasia. |