Resumo |
Ao vivenciar a maternidade, algumas mulheres podem encontrar adversidades decorrentes da função, sobretudo quando a experiência se dá em conjunto aos estudos e formação profissional. Resultante desses múltiplos papéis, algumas mães acabam por integrar as estatísticas sobre evasão ou demissão no mercado de trabalho pós-maternidade, bem como enfrentam contratempos na inserção e/ou permanência no ensino superior. A pesquisa destinou-se a compreender a relação entre maternidade, estudos e vínculo com o mercado de trabalho a partir da vivência de mães universitárias. O alicerce teórico se deu sobre discussões sobre a mulher na sociedade; dupla jornada (maternidade e trabalho); rede de apoio; disparidade entre os gêneros no mercado de trabalho; e, por fim, a tripla jornada: o ensino superior como uma válvula de escape frente as dificuldades de acesso ao mercado de trabalho. A partir da abordagem qualitativa, as entrevistas foram guiadas por roteiro semiestruturado com 22 estudantes da Universidade Federal de Viçosa – MG. Os relatos foram trabalhados via análise de conteúdo, utilizando-se de análise temática, com categorias definidas a priori: maternidade e estudos; maternidade e instituição de ensino; maternidade, estudos e mercado de trabalho; perspectivas sobre o futuro no mercado de trabalho. As entrevistas foram transcritas e codificadas, alcançando 56 códigos, posteriormente agrupados em subcategorias. Conforme as discentes mães entrevistadas, tanto o trabalho quanto os estudos são viáveis quando se dispõe de uma rede de apoio funcional. As estudantes se depararam com impasses nas duas esferas, experienciando uma rotina árdua, acumulando algumas experiências negativas e falta de oportunidades de progresso profissional. Ademais, também citaram como a estrutura física deixa a desejar no que tange ao acolhimento de crianças no espaço acadêmico e no mercado de trabalho. Por fim, as entrevistadas mencionaram ocorrências de discriminação, de falta de empatia, e de sobrecarga em suas rotinas diárias. As análises possibilitaram ainda identificar déficit de apoio institucional e de locais adequados às necessidades das mães tanto no meio universitário quando no profissional. Tal fato expõe o desgaste sobre as mães discentes e limita suas possibilidades de atuação nos contextos educacionais e de trabalho, principalmente quando a rede pessoal de apoio é inexistente ou insuficiente, o que pode acarretar na interrupção ou abandono do curso. |