Resumo |
Os lipopeptídeos são uma classe de biossurfactantes produzidos por bactérias do gênero Bacillus, sendo os mais comuns a surfactina, a fengicina e a iturina. Tais moléculas são anfipáticas e possuem propriedades antimicrobianas e potencial para aplicação nas áreas médica, farmacêutica, agrícola, ambiental, alimentícia e de cosméticos. O objetivo deste trabalho foi avaliar a produção de biossurfactante pelo isolado Bacillus subtilis LBBMA RI4914 e caracterizar as famílias de lipopeptídeos produzidas. Para isso, o isolado foi reativado em meio TSA (Difco™ Tryptic Soy Agar), e a placa foi incubada overnight, a 30 °C. Uma colônia foi transferida para um tubo contendo 7 mL de TSB (Difco™ Tryptic Soy Broth) e incubada sob agitação de 200 rpm, a 30 °C, por 18 horas. Em seguida, uma alíquota da cultura foi transferida para um Erlenmeyer de 250 mL com 70 mL de meio mineral (contendo glicose e nitrato de sódio como fontes de carbono e nitrogênio, respectivamente), de modo a se obter uma densidade óptica a 600 nm (D.O.600nm) igual a 0,05. O frasco foi incubado sob agitação de 200 rpm, a 30 °C, por 96 horas. O crescimento da cultura foi monitorado por meio de leituras da D.O.600nm e a produção de biossurfactante foi avaliada por meio do teste de espalhamento de óleo em placa. O cultivo foi realizado em triplicata. Para recuperação do biossurfactante, o sobrenadante das culturas foi submetido à precipitação ácida, pelo ajuste do pH para 2,0, seguida de liofilização. Os extratos brutos obtidos foram submetidos à extração sólido-líquido, utilizando-se metanol, para a obtenção do biossurfactante semi-purificado. A presença dos lipopeptídeos surfactina, fengicina e iturina nos extratos metanólicos foi avaliada por Cromatografia Líquida de Ultra Eficiência acoplada à Espectrometria de Massas (UPLC-MS). Os compostos foram identificados com base em seus tempos de retenção e massas em comparação com os padrões comerciais adquiridos da Sigma-Aldrich. O analisador de massas operou no modo ESI, positivo, e a detecção das isoformas dos lipopeptídeos foi realizada pelo modo SIM (Monitoramento de Íons Selecionados). Por meio do teste de espalhamento de óleo foi observado que a produção de biossurfactante ocorre desde o início do cultivo, ainda na fase lag de crescimento, e alcança seu máximo em 72 horas, momento em que as células atingem a fase estacionária. Nos cromatogramas obtidos pela análise por UPLC-MS não foram observados picos correspondentes às iturinas e fengicinas. No entanto, foram identificados íons com razões m/z equivalentes ao padrão de surfactina. Pode-se concluir que a produção de biossurfactante por B. subtilis LBBMA RI4914 está associada ao crescimento populacional e que este isolado produz apenas a família das surfactinas. A produção de apenas uma das famílias é interessante do ponto de vista biotecnológico, uma vez que facilita o processo de recuperação da molécula de interesse e, consequentemente, sua aplicação industrial. |