Resumo |
A degradação florestal e os efeitos negativos das mudanças climáticas têm causado o aumento da mortalidade de árvores em florestas tropicais, incluindo a Mata Atlântica. Diante desse cenário, a quantificação e a caracterização da mortalidade de árvores tornam-se fundamentais para a compreensão dos impactos desses eventos nas funções ecológicas e na dinâmica de crescimento dos fragmentos remanescentes desse bioma. Assim, o objetivo desse estudo foi quantificar e caracterizar a mortalidade de árvores em uma floresta estacional semidecidual no município de Viçosa-MG. O estudo foi conduzido em um fragmento de Mata Atlântica em estágio médio de regeneração com 17 ha de área. O inventário florestal foi realizado em 10 parcelas permanentes de 1000 m² (20 m x 50 m) nos anos de 2016 e 2020, em que todas as árvores vivas com DAP ≥ 5 cm foram identificadas, mensuradas e separadas em classes diamétricas com amplitude de 5 cm. A mortalidade desse período foi quantificada pela análise das árvores que estavam vivas no primeiro inventário, mas que não foram encontradas ou estavam mortas em pé no segundo inventário. A caracterização da mortalidade das árvores foi realizada no ano de 2020, seguindo a metodologia proposta pela Rede Amazônica de Inventários Florestais (Rainfor). As análises realizadas foram: i) determinação do mecanismo físico da mortalidade; ii) quantificação do número de árvores mortas no evento; iii) identificação do processo de como matou ou de como foi morta. A mortalidade de árvores no período de 2016 a 2020 foi de 177 árvores, com a maior parte ocorrendo nas parcelas 9 (18,07%), 10 (14,68%), 8 (10,73%) e 4 (10,73%). As classes diamétricas de 7,5 cm e 12,5 cm foram as que apresentaram as maiores mortalidades, representando 81% do total de árvores mortas. 96 árvores foram encontradas mortas em pé no fragmento florestal e 18 árvores morreram com troncos partidos. Todas essas árvores morreram de forma isolada (sozinhas) e não se sabendo se foi morta ou se matou outras árvores. O mecanismo físico da mortalidade das árvores restantes (63 árvores) não foi possível ser determinado uma vez que já se encontravam caídas sob o solo das florestas. No entanto, essas árvores possivelmente morreram em eventos de mortes múltiplas, ocasionada pela ocorrência de uma tempestade severa no ano de 2019. Desta forma, concluiu-se que a mortalidade de árvores nos fragmentos de Mata Atlântica tem sido impulsionada pela ocorrência de eventos climáticos extremos, afetando a dinâmica de crescimento dessas florestas. |