Resumo |
Na avaliação do desempenho mecânico de matrizes cimentícias, são utilizados comumente corpos de prova (CP’s) cilíndricos, cuja menor dimensão deve ser necessariamente maior que quatro vezes a dimensão máxima do agregado empregado. Por esse critério, corpos de prova de microconcretos produzidos com fíller, cimento e areia poderiam ser consideravelmente menores que os atualmente preconizados, o que representaria uma economia de material, tempo e espaço para armazenamento na prática laboratorial, além de permitir a utilização de equipamentos de menor capacidade de carga para os ensaios. No entanto, os resultados obtidos com CP’s reduzidos apresentam maiores desvios, uma vez que estes são mais sensíveis aos impactos causados por pequenos defeitos como bolhas de ar aprisionadas. Este trabalho busca avaliar a efetividade da aplicação de um procedimento de adensamento por vibração (40 hertz durante 10 segundos) nos resultados de resistência à compressão de corpos de prova cilíndricos de dimensões reduzidas (35x35), produzidos com microconcretos autoadensáveis com substituição parcial do cimento Portland por filler de gnaisse. Os microconcretos foram dosados utilizando-se metodologia baseada em empacotamento das partículas, respeitando as considerações de EFNARC aplicadas às curvas granulométricas. Foram avaliados três traços com proporção finos: areia de 2:3, com teores de substituição de cimento pelo filler de gnaisse de 0%, 71,43% e 83,32%. Foram medidos os tempos de espalhamento da mistura no estado fresco, e resistência à compressão no estado endurecido. A incorporação do filler de gnaisse diminuiu a trabalhabilidade e o espalhamento da mistura, o que é atribuído à forma lamelar de suas partículas. O aumento do teor de água levou a ocorrência de exsudação, adotando-se, então, o aumento no teor de aditivo superplastificante para readequar as características de fluidez e autoadensabilidade das misturas. Os CP’s submetidos ao procedimento de adensamento por vibração alcançaram resultados de resistência à compressão menores do que os corpos de prova sem vibração, além de maiores desvios, o que demonstra que concretos autoadensáveis não necessitam de vibração, podendo ocorrer segregação e exsudação durante o procedimento. Portanto, o aumento da dosagem de superplastificante conseguiu compensar diminuição de trabalhabilidade gerada pela substituição parcial do cimento Portland por filler de gnaisse, e para concretos autoadensáveis o procedimento de vibração não é efetivo, sendo apenas necessário que o concreto possua o espalhamento mínimo para autoadensibilidade. Assim, espera-se que o estudo ainda contribua para a validação de práticas laboratoriais mais sustentáveis e adaptadas a laboratórios de menor porte e equipamentos de reduzida capacidade de carga, além de promover o desenvolvimento e estudo de matrizes cimentícias mais sustentáveis. |