Resumo |
Introdução: De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) milhares de mulheres em toda parte do mundo já experienciaram algum tipo de violência durante o período entre o pré-parto, parto e o pós-parto. A violência obstétrica (VO) é uma expressão para nomear diversas formas de violência (física, psíquica e sexual) contra a mulher durante o cuidado obstétrico profissional. No Brasil, apesar da VO ser uma temática recente no campo de estudo, ela pode ser identificada em diferentes momentos históricos. Objetivo: Refletir sobre a história da violência obstétrica no Brasil. Material e método: Trata-se de uma revisão de literatura, através de artigos relacionados à VO no Brasil selecionados nas bases de dados, PubMed, Scielo e LILACs, por meio dos seguintes descritores: Violência obstétrica, história, Brasil e parto. Foram encontradas 20 publicações e após apreciação dos resumos e leitura minuciosa das publicações foram excluídos os artigos que não se enquadraram ao objetivo proposto e publicações classificadas como editoriais, resenhas e entrevistas. A inclusão dos artigos enquadrou-se nos seguintes critérios: textos completos que tratavam da evolução do parto no Brasil, idioma Português e ano de publicação entre 2017 a 2021, obtendo-se então, seis artigos científicos como amostra do estudo. Resultados e discussão: Após análise dos artigos foi possível observar que no Brasil o cuidado intersubjetivo e integral à gestante tem sido substituído aos longos dos anos por tecnologias complexas sob a perspectiva de que a gestação não é mais entendida como um evento fisiológico da vida, mas requer o controle excessivo por parte dos profissionais. Apontam ainda que as práticas difundidas pelos manuais de obstetrícia ainda têm contribuído para que algumas intervenções se tornem procedimentos de rotina, como: cesáreas desnecessárias, toque vaginal, jejum, administração de ocitócitos, episiotomia, manobra de Kristeller, fórceps e posição decúbito dorsal. E mesmo diante de todos os esforços dos movimentos sociais e das políticas públicas dispensadas no campo da saúde materna e neonatal (Programa de Atenção Integral à Saúde da Mulher (PAISM), Rede pela humanização do parto e do nascimento (ReHuNa); Programa de humanização no Pré-Natal e nascimento (PHPN), a VO ainda tem sido uma prática comum no Sistema de Saúde Brasileiro. Conclusões: O estudo permitiu reconhecer que a prática da VO no Brasil perpassa aspectos históricos da assistência ao parto e perfaz um problema de saúde pública, onde a negligência, a discriminação e o desrespeito praticado por profissionais de saúde naturalizam a VO. O fortalecimento de práticas baseadas em evidências científicas, a mobilização dos profissionais e da sociedade civil por meio de políticas públicas se tornam intervenções fundamentais para se trabalhar a prevenção e a diminuição da violência praticada contra mulheres no exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos. |