Resumo |
A extensão rural agroecológica caracteriza-se como uma das principais alternativas ao modelo difusionista implementado desde a década de 1980. Na agroecologia valorizam-se a construção conjunta do conhecimento entre extensionistas e agricultores e agricultoras e a valorização dos conhecimentos tradicionais das comunidades rurais, de forma horizontal e voltada para o contexto prático da realidade vivida. O movimento agroecológico na Zona da Mata Mineira constitui-se em meio às diversas organizações da agricultura familiar e de trabalhadores/as rurais e coletivos de técnicos/as, estudantes e pesquisadoras/es, movimentos sociais e culturais e organizações da sociedade civil. Este resumo tem por objetivo apresentar o processo de consolidação do grupo de extensão da Rede de Mutirões Agroecológicos da Zona da Mata Mineira (REMA-ZM), desenvolvido em conjunto com agricultores da Rede de produtores agroecológicos Raízes da Mata (RRM), organização fundada em 2011 na região de Viçosa. A REMA-ZM foi criada em 2018, visando possibilitar a vivência das realidades dos agricultores e agricultoras familiares da região pelos estudantes da UFV. Utilizando-se da metodologia Campesino-a-Campesino e dos Intercâmbios Agroecológicos, o projeto visa proporcionar, além da formação dos estudantes, um auxílio perene para os agricultores participantes, seja com mão-de-obra ou mesmo tornando acessíveis serviços da própria universidade. Os mutirões aconteceram presencialmente durante os anos de 2018 e 2019, nos quais duplas de estagiários realizavam tarefas cotidianas semanalmente em cada uma das 6 propriedades parceiras do projeto. Com a paralisação das atividades presenciais em 2020, as atividades do grupo tiveram de ser repensadas. Dessa forma, a partir de uma série de encontros realizados, foi decidido que iniciaríamos a produção de uma série de cartilhas informativas sobre a legislação orgânica, que seriam distribuídas para agricultores e interessados, de forma a apoiar o processo de certificação orgânica do SPG (Sistema Participativo de Garantia Orgânica) da Zona da Mata. Até o presente momento, duas cartilhas já foram concluídas, tratando sobre Transição Orgânica e Documentações e Outorgas necessárias para a certificação. Além disso, também foi iniciado o auxílio no preenchimento dos cadernos de plano de manejo orgânico de agricultores da RRM. Pode-se concluir que, após o período de 3 anos de atividades oficiais, o grupo conseguiu definir claramente suas dinâmicas e forma de atuação, assim como estabelecer boas relações com os agricultores parceiros. A contribuição para o fortalecimento do Polo Agroecológico da Zona da Mata também foi melhor delineada, e já conseguimos identificar e participar ativamente dentro desse processo, especialmente apoiando as etapas de certificação e auditoria da produção orgânica do SPG-ZM. |