Resumo |
O Brasil é o quarto maior produtor e exportador mundial de carne suína. Os níveis de exigência para manutenção da qualidade enfrentam desafios, principalmente considerando a emergência de novos vírus na cadeia de produção. Nesse contexto, o Porcine circovirus 3 (PCV3) foi descrito pela primeira vez em 2015 e buscou-se identificar a interferência desse novo agente na produção de suínos, até então desconhecida. O PCV3 já foi associado à sinais inespecíficos como síndrome da dermatite e nefropática suína e falhas reprodutivas em fêmeas suínas. O objetivo desse estudo foi identificar o PCV3 em propriedades da Zona da Mata, no estado de Minas Gerais, Brasil. Foram coletadas 261 amostras diversas de 19 propriedades no ano de 2019, de soro, swab vaginal, cordão umbilical, intestino, baço, fígado, coração, pulmões, cérebro e linfonodos de animais de diferentes estágios de criação como matrizes, leitões desmamados, animais em crescimento, suínos refugos, animais natimortos e fetos mumificados. O DNA foi extraído utilizando o kit Wizard SV Genomic DNA Purification (Promega®), seguindo os protocolos do fabricante. Para detecção e quantificação da carga viral, foram utilizados os primers de qPCR e protocolos descritos por Palinski et al. (2016). A curva padrão foi obtida através de uma amostra positiva conhecida e amostras com valores de limiar de ciclos (Ct) maiores ou iguais a 38 com curva de amplificação típica foram consideradas positivas. Os resultados indicaram que 78,94% (15/19) das propriedades foram positivas para PCV3, e 39,85% (104/261) das amostras de suínos foram positivas para PCV3. Desses, matrizes tiveram resultado de 28,26% (26/92), leitões desmamados de 35,29% (6/17), natimortos/fetos mumificados de 51,72% (45/87) e porcos refugos de 41,54% (27/65) de positividade. Em todos os tecidos coletados foi possível detectar o PCV3, incluindo swabs vaginais (3/5). Foi possível identificar a presença do vírus em 6 fêmeas com histórico de falha reprodutiva e seus respectivos natimortos/fetos mumificados, ambos positivos para PCV3. Os resultados encontrados de prevalência em propriedades e porcentagem de animais positivos corroboram com outros autores que citam a alta disseminação do PCV3 no Brasil. Os maiores índices encontrados nos animais jovens e em animais natimortos e fetos mumificados podem indicar uma relação com falha reprodutiva em fêmeas suínas e positividade para infecção de PCV3, sendo necessários mais estudos para elucidação dessa relação. |