Resumo |
As florestas tropicais possuem um papel imprescindível no armazenamento de carbono. Entretanto, algumas perturbações podem limitar substancialmente tais funções desses ecossistemas, como é o caso das lianas. As lianas são um componente florístico diverso e complexo que utiliza da estrutura de outras árvores para o seu desenvolvimento. A maior incidência de lianas nas florestas provoca intensa competição por nutrientes e luz, danos mecânicos nos galhos e fustes, aumento da mortalidade de árvores e redução na capacidade de estocar carbono. Desta forma, a análise do grau de infestação de lianas nas árvores é primordial para favorecer o crescimento da floresta como um todo. O objetivo da pesquisa foi avaliar o índice de infestação de lianas na copa das árvores de uma Floresta Estacional Semidecidual. O estudo foi desenvolvido em um fragmento de Mata Atlântica com 17 ha localizado na cidade de Viçosa, Minas Gerais. As árvores com Diâmetro à Altura do Peito (DAP) maior ou igual a 5,0 cm foram inventariadas em 10 parcelas de 20mx50m no ano de 2020. Todas as árvores contidas nas parcelas foram separadas em classes diamétricas com amplitude de 5 cm e classificadas de acordo com o índice de infestação de lianas nas copas, conforme metodologia proposta pela Rede Amazônica de Inventários Florestais (Rainfor). As classificações utilizadas foram: árvores sem a incidência de lianas (índice 0), árvores com 1-25% da copa coberta por lianas (índice 1), árvores com 25-50% da copa coberta por lianas (índice 2), árvores com 50-75% da copa coberta por lianas (índice 3) e árvores com mais de 75% da copa coberta por lianas (índice 4). A densidade de árvores encontradas no fragmento florestal foi de 1487 fustes ha-1. Desse total, 66% não apresentaram nenhuma incidência de lianas, 21% apresentaram índice 1 de infestação, 8% apresentaram índice 2 de infestação, 3% apresentaram índice 3 de infestação e 2% apresentaram índice 4 de infestação. Os fustes com os menores diâmetros (classes diamétricas de 7,5 e 12,5 cm) apresentaram maior incidência de lianas, representando cerca de 88% dos 497 fustes totais classificados com os índices de 1 a 4. Esse padrão de comportamento das lianas pode ser explicado principalmente pelo fato de que essas atingem um maior pico de abundância em florestas secundárias, como é o caso da Mata da Silvicultura. Portanto, é possível constatar que identificar um padrão de infestação das lianas é de suma importância para se entender a influência deste componente no ecossistema florestal. Estudos mais aprofundados que visem a compreensão da ação das lianas no crescimento das árvores são necessários para proposição de ações de manejo no fragmento. |