Resumo |
Aves limícolas têm seus hábitats e reprodução amplamente manejados de modo extensivo, visando tanto sua preservação como seu uso sustentável. A alteração de ambientes aquáticos e variações cada vez maiores nos regimes pluviométricos em todo o país demanda o desenvolvimento de ações práticas de manejo visando a manutenção e mesmo aumento de populações de aves limícolas, cinegéticas ou não. Foram construídos e instalados trinta e quatro ninhos artificiais, em dezembro de 2020, em lagos artificiais do campus da Universidade Federal de Viçosa: açudes formados pelo represamento de córregos, com ou sem mata ciliar, tanques escavados para piscicultura e contenção de dejetos bovinos. Os ninhos foram confeccionados com caixas de madeira de pinho ou eucalipto, medindo 48x13x37 cm (comp. x alt. x larg.) utilizadas para transporte de frutas e hortaliças. Sob cada ninho foram afixadas quatro garrafas de polietileno e tereftalato (PET) de 2 litros, utilizadas como bóias, presas à estrutura de madeira com arame galvanizado de 0.89 mm de diâmetro. Cada ninho teve uma âncora de garrafa PET de 3 litros enchida com areia e presa a porção central do ninho através de arame galvanizado de 1,2 mm de diâmetro e comprimento variável em função da profundidade do local de instalação. Os ninhos contaram com cobertura e camuflagem de capim braquiária e outras espécies herbáceas encontradas no local de sua instalação e foram colocados rentes a água, a dois m da margem e na porção central dos lagos. O número de ninhos em cada corpo d’água variou de dois a quatro levando-se em consideração a extensão do corpo d’água. Após instalados com auxílio de um barco de alumínio os ninhos foram monitorados a cada 10 dias, de 6:00-12:00 h, para checagem da estrutura, camuflagem e de indícios de nidificação por aves. Quando necessária, era feita a manutenção/renovação da estrutura e-ou cobertura de capim. Em fevereiro de 2021 encontrou-se um ninho de Fluvicola nengeta afixado à estrutura de um dos ninhos artificiais. Foram observadas diversas espécies utilizando os ninhos como ponto de pouso, como Butorides striata, Gallinula chloropus, Pilherodius pileatus e Pitangus sulphuratus. Amazonetta brasiliensis foi vista em quase todos os monitoramentos, repousando sobre os ninhos e limpando as penas, observadas geralmente aos casais. Em julho de 2021 encontraram-se cascas de 1-2 ovos “grandes”, de espécie desconhecida, em um dos ninhos, e a cobertura revirada, um possível indício de nidificação e/ou predação. A utilização dos ninhos como ponto de repouso é um sinal positivo de que a estrutura está se camuflando bem ao habitat e pode ser atrativa para a reprodução de algumas espécies. O fato dos ninhos terem sido instalados em meados da estação reprodutiva pode ter prejudicado seu uso por algumas espécies, prevendo-se para 2021 sua manutenção nos mesmos locais desde o início da estação reprodutiva na região para se ter uma melhor avaliação sobre sua eficácia para a reprodução de aves aquáticas. |