Resumo |
A discussão sobre saúde pública vem ganhando cada vez mais espaço no cenário brasileiro. Com a pandemia de COVID-19, a possibilidade de a doença ter sido veiculada pelo consumo de produtos de origem animal não inspecionados intensificou esta discussão. Objetiva-se entender sobre o impacto das zoonoses como causadoras de epidemias e como a Medicina Veterinária ocupa um papel crucial no controle dessas. As zoonoses são doenças infecciosas transmitidas dos animais não-humanos para os humanos, sendo esse conceito amplamente discutido dentro da profissão. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), existem no Brasil cerca de 30 milhões de animais entre cães e gatos que estão em situação de abandono. Para além da problemática da promoção do bem-estar, trata-se de um dado alarmante, uma vez que cães e gatos são hospedeiros ou vetores de uma infinidade de doenças com potencial zoonótico. Estima-se que 75% de doenças emergentes ou re-emergentes nos tempos atuais provém de animais não-humanos e foram transmitidas aos seres humanos, a exemplo do sarampo, da caxumba, da malária, da zika, do HIV, da febre hemorrágica por Ebola, da gripe A H1N1 e recentemente a COVID-19. Além de todas serem enfermidades causadas por vírus, outro denominador comum é o fato de que em algum momento no ciclo de transmissão, há a presença de um animal não-humano, seja ele doméstico ou silvestre. É muito discutido também o quanto o desmatamento e o agravamento do efeito estufa auxiliam no surgimento de novas epidemias, forçando os animais que estão perdendo seus habitats a procurar novos lugares e assim, direta ou indiretamente, compartilhando espaço com seres humanos. A Medicina Veterinária torna-se crucial no combate a estas epidemias por compreender a relação entre animais e seres humanos, os meios de transmissão das doenças, atuando diretamente com os animais, e auxiliando no desenvolvimento científico de tratamentos e de imunizantes, com grande representatividade no controle ou erradicação de doenças. Essas ações integram o conceito de Saúde Única, que trata como indissociável as saúdes humana, animal e ambiental, e vem sendo amplamente discutida. O papel de cada profissional da saúde é indispensável para a manutenção desse ciclo, e por isso em 2011 o Ministério da Saúde incluiu a Medicina Veterinária como atuante na Atenção Primária à Saúde. A valorização da profissão é inquestionável e, nos dias atuais, reconhecer a importância da Medicina Veterinária para a saúde humana contribuirá diretamente no desenvolvimento do país, não somente em cenários epidêmicos. |