Resumo |
Introdução: Os estados de estresse mental agudos e crônicos são considerados fatores de risco para maior morbimortalidade por doença cardiovascular. Neste contexto, o rastreio destas condições é de vital importância para a adoção de medidas preventivas. Ademais, o atual cenário de pandemia causada pelo COVID-19 criou uma predisposição ao dano psicológico da própria pandemia em si, isolamento social, sedentarismo e outros fatores que têm gerado repercussões na saúde mental da população. Objetivo: O objetivo deste estudo é determinar a prevalência de problemas relacionados a saúde mental com o rastreio em servidores da Universidade Federal de Viçosa (UFV). Metodologia: O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFV e realizado nos três campi, através do envio de um questionário on line para os servidores. O questionário foi composto por dados de identificação e três instrumentos de triagem: Inventário de Depressão de Beck (BDI); o Inventário de Ansiedade de Beck (BAI) e o Self Reporting Questionnaire (SRQ20). Houve adesão voluntária de 176 participantes. Foram aplicados métodos estatísticos com os resultados obtidos de acordo com característica dos dados para investigar as possíveis diferenças estatísticas entre os parâmetros estudados, considerando a faixa etária, o sexo e a função na UFV. Resultados: Os 176 voluntários foram constituídos de 106 (60,2%) mulheres e 70 (39,8%) homens, sendo que 81 (46%) são professores e 95 (54%) não-professores. Em relação a depressão, 142 não apresentavam alteração preocupante no escore BDI (sem sintomas depressivos ou perturbações leves do humor) e 34 (19,3%) apresentaram alterações preocupantes (borderline, moderada, severa ou extrema). Quanto a ansiedade, 156 (88,6%) apresentavam baixa ansiedade e 20 (11,4%) ansiedade moderada ou em níveis alarmantes. De acordo com o escore SQR20, 112 (63,6%) participantes apresentam baixa probabilidade de apresentarem um transtorno mental não psicótico. Em contrapartida, 64 (36,4%) dos participantes apresentam alta probabilidade. Quando analisado por idade, existe uma tendência de quanto maior a idade menor a pontuação dos 3 scores de estado mental (valores de p ≤ 0,05). Também foi possível verificar que os pacientes com alterações preocupantes apresentaram os escores BDI (p = 0,028) e SQR20 (p = 0,031) maior nos participantes com idade menor ou igual a 50 anos. O escore BAI não teve alterações estatisticamente significantes (p = 0,073). Por fim, o público feminino apresentou maior frequência relativa nos 3 escores da saúde mental quando se avaliou em relação a alterações preocupantes nos escores (valores de p BAI = 0,016; BDI = 0,003 e SQR20 <0,001). Conclusão: Há indícios de uma alta prevalência de ansiedade e depressão na população estudada, com predominância de casos mais preocupantes no público mais jovem e no sexo feminino. No entanto, se faz necessário estudos adicionais para direcionar estratégias de acompanhamento e suporte a população estudada. |