Resumo |
O Grupo de Educação e Interpretação Ambiental “Trilheiros do Sauá” é composto por discentes e docentes da Universidade Federal de Viçosa (UFV). Foi criado em 2013 e atua como projeto de extensão universitária no atendimento a grupos organizados de visitantes de Viçosa/MG e região, numa área protegida da UFV, chamada Mata da Biologia. O objetivo principal do projeto é a realização de trilhas interpretativas na Mata como estratégia para a promoção da educação ambiental crítica e transformadora. Neste trabalho, trazemos uma análise e reflexão quanto à importância de desvendar e dialogar com a experiência presente nas vivências dos membros do projeto e dos visitantes das trilhas no que diz respeito às suas relações em meio à dinâmica entre sociedade e natureza. A experiência pode ser descoberta e construída por meio do diálogo e isso possibilita, a cada caminhada pela Mata, a formação tanto dos discentes e docentes quanto dos visitantes. Nesse sentido, buscamos aplicar a abordagem teórica de que o contato com a experiência individual e coletivamente compartilhada é o caminho inicial para a sensibilização e conscientização ambiental. Assim, foram analisadas as respostas dos visitantes aos questionários aplicados ao final de cada trilha a fim de revisar seus comentários acerca da participação durante a trilha. E, a partir de um encontro virtual realizado pela plataforma do Google Meet, integrantes do projeto foram estimulados a responder a seguinte pergunta “como vocês avaliam o diálogo com os visitantes durante a realização das trilhas na mata?”. Entre as muitas respostas foi possível concluir que os visitantes são bastante participativos e que a maioria deles compartilha suas experiências e seus saberes. Porém, o diálogo ocorre, principalmente, pela prática que os Trilheiros mediadores vêm adquirindo ao longo da realização do projeto, estimulando os visitantes como sujeitos participativos das trilhas e não apenas como meros ouvintes ou caminhantes. Outra importante conclusão é que, a cada experiência revelada por algum visitante, novos repertórios são acrescentados ao interpretar as trilhas, enriquecendo assim as abordagens educativas. Por fim, o diálogo constitui-se pela necessidade de uma interação viva e de significado entre todos, ou seja, o monólogo descaracteriza o ser humano no desenvolvimento coletivo, tornando-se alienado ao processo, impossibilitando ampliar para as realidades que cada ser constrói. A ação do Trilheiros do Sauá abre espaço para que pessoas da comunidade possam adquirir uma nova experiência educativa no âmbito dos conhecimentos da sociedade e natureza ao passo em que, na travessia das trilhas interpretativas, seus dizeres populares ou científicos ganham importância e se revelam como essenciais para a resistência e constituição de uma educação ambiental transformadora. |