Resumo |
As lateritas da Ilha de Marajó se formaram no final do Mioceno, numa fase de ampla exposição subaérea, contemporânea de outras formações lateríticas em toda a Amazônia. A formação de lateritas, sobre intensa lateralização, corrobora com o modelo do residuum ou in situ, comumente denominado de laterita autóctone ou verdadeira. Com as mudanças climáticas do Holoceno, notadamente, mais quentes e úmidas, as lateritas da ilha de Marajó parecem estar em processo de degradação, tanto pela erosão quanto pelo esvaziamento geoquímico. Nesse contexto, o objetivo desse trabalho foi de analisar quimicamente um PLINTOSSOLO PÉTRICO Litoplíntico, formado sobre laterita concrecionária no leste da Ilha de Marajó e determinar seu grau de alteração química ao longo do perfil. Para tanto, foi realizado ataque sulfúrico na terra fina seca ao ar (TFSA) dos horizontes A e BfC, e da laterita concrecionária (BF) macerada em pó. As extrações ácidas e básicas foram realizadas no laboratório de mineralogia do Departamento de Solos. As concentrações de Fe, Ti, Al e Mn foram determinados por absorção atômica em extrato ácido, e Si em extrato básico. Posteriormente, as concentrações foram transformadas para a forma de óxidos. O teor de SiO2 do horizonte A foi de 12,84 dag/kg, do BfC de 25,83 dag/kg e do BF de 12,84 dag/kg. O Fe2O3 foi de 0,71 dag/kg no A, de 1,56 dag/kg no BfC, e de 30,42 dag/kg no BF. O Al2O3 de 11,34 dag/kg no A, 22,32 dag/kg no BfC, e 32,42 dag/kg no BF. O TiO2 de 1,37 dag/kg no A, 1,91 dag/kg no BfC, e 2,47 dag/kg no BF. As concentrações de MnO foram de 0,0 em todos os horizontes. O índice de Ki (SiO2/Al 2O3 x 1,7) foram de 1,94 no A, 1,97 no BfC, e 1,33 no BF. Os resultados indicam processo de dessilicação e desferruginação da laterita concrecionária durante o processo de intemperismo e formação do solo sobrejacente. Além disso, a permanência relativa de Al2O3 e perda relativa de Fe2O3, sugere que as condições climáticas atuais favorecem a mobilidade de íons solúveis em meio reduzido. O índice Ki e gráfico ternário indicam que os horizontes A e BfC são de mineralogia caulinítica, enquanto o BF oxídica. |